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Minha opinião sobre Bolsonaro, um ano depois
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Minha opinião sobre Bolsonaro, um ano depois

O presidente Jair Bolsonaro, no fechamento do primeiro de seus quatro anos de mandato, terá de entrar num outro ritmo para, no longo tempo que ainda lhe resta no cargo, caminhar no sentido de atender à expectativa real dos brasileiros. Falo de todos e não apenas daqueles que dele gostam ou que com ele se identificam. A impressão que fica, feito o balanço do que houve de positivo e de negativo nos últimos doze meses, é de que falta ao político que conquistou os votos de quase 58 milhões de eleitores, representando o sentimento de uma amplíssima maioria, capacidade para entender as responsabilidades que se impõem ao exercício da nova função que passou a exercer.

É inaceitável, para começar,que alguém escolhido para uma missão de tamanha envergadura encerre o primeiro ano de mandato sem registrar um só movimento, um esforço percebido, uma palavra que seja, um discurso isolado, que expressa algum esforço seu de unir a população. Muito ao contrário, foi exatamente dele, Bolsonaro, que partiu ao longo de 2019 o conjunto mais contundente de iniciativas que marcaram o período por um quadro de divisão nociva da sociedade, consolidando-se um ambiente de ódio entre nacionais que faz parecer que continuamos naqueles tempos irracionais de campanha eleitoral. Um processo alimentado por um presidente que demonstra cuidado apenas quando se manifesta para os segmentos políticos e ideológicos que com ele se identificam, em boa parte caracterizados pela radicalidade. Em direção à oposição e ao que define como "esquerdistas", em especial, a postura do governante foi no sentido de quase ignorá-los como cidadãos, demonstrando uma incompreensível ignorância política.

Claro que a expectativa natural de quem votou em Bolsonaro, no geral, era que ele redirecionasse muitas coisas do ponto de vista do Estado. Aceite-se que uma de suas missões é implantar práticas conservadoras e liberais, o que em várias situações exigirá dele capacidade para enfrentar uma resistência justificada por estruturas bem assentadas por anos de uma lógica política que manteve o poder num raio ideológico que se deslocava da esquerda até, no máximo, o centro. Acontece que quem é Presidente o é para todos os brasileiros, incluindo aqueles contra os quais ele tem dirigido um discurso de ódio pelo simples fato de pensarem o mundo de maneira diferente, buscando transformá-los em inimigos do País, quando no máximo são críticos e opositores ao governo que dirige. É o que tem acontecido com segmentos importantes da cultura e das artes, para ficar apenas num dos setores mais prejudicados pela postura pouco (ou nada) conciliadora de Jair Bolsonaro.

O fato de a economia estar reagindo, de o mercado mostrar-se satisfeito com alguns resultados do governo em seu primeiro ano, como parece ser o caso das reformas efetivadas em 2019, especialmente na Previdência, ajuda a dar um pouco mais de fôlego ao presidente Bolsonaro, embora os erros que comete em outras áreas façam com que o balanço geral do período seja muito negativo. Pacificar o País é, sim, uma das tarefas de quem se dispõe a governá-lo e o que tivemos até agora, pelo contrário, foi um comandante o tempo todo trabalhando pela discórdia e pela desunião entre os seus cidadãos.

Dia intenso na agenda política

O dia 6 de janeiro promete muita movimentação política, pela coincidência de ser a data definida para as posses em dois postos importantes na estrutura politica do Estado: a do presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Valdomiro Távora, e a do novo Procurador-Geral de Justiça (PGJ), Manuel Pinheiro.

De olho nos paredões

Candidatíssimo a prefeito, o deputado federal Capitão Wagner, do Pros, tem opinião clara e firme sobre os tais pancadões com os quais jovens das periferias das grandes cidades brasileiras, Fortaleza inclusive, imaginam estar se divertindo: "São umas porcarias, que não prestam em lugar nenhum". Discurso que é quase uma música para o eleitorado dele.

Sem tempo para recesso

Assembleia volta aos trabalhos apenas em fevereiro, mas, até lá, nove deputados integrarão comissão instituída para resolver pepinos que aparecerem durante o recesso. Ei-los: Queiroz Filho (PDT), Nezinho Farias (PDT), Guilherme Landim (PDT), Walter Cavalcante (MDB), Elmano Freitas (PT), Lucílvio Girão (PP), Augusta Brito (PCdoB), Antônio Granja (PDT) e Nelinho Freitas (PSDB).

Adeus ano velho, adeus

Pois é, 2019 está acabando. Saúdo o leitor da coluna que chega são ao fim de uma jornada tão difícil, desejando-lhe que 2020 seja muito melhor. Meta, reconheço, pouco ambiciosa diante da tragédia em forma de realidade que nos cercou nestes últimos (quase) 12 meses.

Três perguntas para Camilo

O governador Camilo Santana (PT) fecha 2019 dizendo-se tranquilo, mas a verdade é que foi um ano que provou sua capacidade de gestor quase que no limite. Ele respondeu a três perguntas da coluna, através das quais avalia o período sob sua ótica:

O POVO - No plano geral, o Ceará termina 2019 melhor do que começou?

Camilo Santana - Tenho certeza que sim. Tivemos grandes avanços ao longo deste ano, em meio a muitos desafios. Cito aqui a segurança pública, onde agimos com firmeza no combate aos grupos criminosos e na reorganização do Sistema Penitenciário. O Ceará termina 2019 com a maior redução dos índices de homicídios do país, com queda de mais de 50% e 20 meses consecutivos de redução, graças a um trabalho de muito esforço e planejamento. Na educação também alcançamos índices significativos; na Saúde, lançamos a Plataforma de Modernização da área, com investimento de R$ 600 milhões a mais para os próximos anos. Além de termos mantido a nossa austeridade fiscal, garantindo o equilíbrio das contas do Ceará para honrar com todos os compromissos assumidos.

O POVO - Para 2020, qual é a expectativa do senhor?

Camilo Santana - Estou otimista. Apesar da crise econômica que atinge o País, acredito que o Ceará está mais forte para enfrentar os desafios que estão aparecendo. Na economia, temos consolidado ainda mais o nosso HUB aéreo, com novos voos para o exterior, fortalecendo toda cadeia do turismo e gerando mais emprego e renda para nossa população. O nosso PIB cresceu 1,87% no terceiro trimestre. Em relação ao trimestre anterior, tivemos o dobro de crescimento do Brasil. É um indicativo de que estamos no caminho certo.

O POVO - A eleição, mesmo sendo municipal, é motivo de alguma preocupação quanto aos riscos de trazer algum fator de instabilidade à política?

Camilo Santana - Não vejo dessa forma. O que temos construído ao longo dos últimos anos é na base de muito diálogo e respeito, no qual os projetos de interesse da população estão acima de interesses particulares ou partidários.

Foto do Guálter George

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