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A estratégia não pode ser maior que o desejo
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

A estratégia não pode ser maior que o desejo

Tipo Opinião
Valdomiro Távora é presidente do TCE Ceará (Foto: DEÍSA GARCÊZ/Especial para O POVO)
Foto: DEÍSA GARCÊZ/Especial para O POVO Valdomiro Távora é presidente do TCE Ceará

Quando a coluna levantou o assunto, meses atrás, havia uma perspectiva. À medida em que o tempo passa (e ele passou), o mesmo fato vai ganhando uma dimensão nova, tanto como possibilidade de fortalecimento de uma ideia como, ao contrário, dela perder um pouco de sua consistência. É, ao meu ver, o que acontece com a hipótese de o PDT decidir lançar o senador Cid Gomes como candidato à Prefeitura de Fortaleza, que ainda permanece na pauta para 2020.

Para posicionar com exatidão o fato, Cid nunca fez qualquer manifestação pública que indicasse disposição sua de disputar a sucessão em Fortaleza. Quando falou sobre o assunto, respondendo a jornalistas na maior parte dos casos, foi para negar. Enfaticamente, até. Comportamento que não impediu, e continua não impedindo, que muita gente dentro do pedetismo e do ferreiragomismo alimente, sim, a alternativa e sonhe com sua concretização.

O que acontece é que à medida em que o tempo das decisões se aproxima, o contorno do projeto vai mudando de feição. O que lá atrás parecia um gesto simpático à cidade, uma atitude de absoluto desprendimento político de um ex-governador, descendo um degrau para viver um sonho de ser prefeito, o calendário eleitoral vai transformando em simples alternativa derradeira de um grupo que não consegue construir uma candidatura forte e competitiva. Aquela compreensão romântica que poderia conquistar o exigente eleitor fortalezense pode ser engolida por uma leitura mais realista, comprometendo a ideia no seu sentido. Aquele inicialmente entendido, por mim, pelo menos.

Uma coisa é o eleitor enxergar numa aventura eleitoral do tipo o resultado de um desejo, uma vontade pessoal de quem decida encará-la. Outra, bastante diferente, seria perceber no projeto apenas o interesse eleitoral de manter o poder político nas mãos de um mesmo grupo. Por mais forte que seja o candidato, e Cid seria, uma parte da argumentação enfrentará, já a partir de agora, alguma dificuldade para ser vendida de um lado e comprada de um outro.

Dor maior

Nunca há momento certo para a morte acontecer, mas, sem dúvida, a perda do Coronel Sued a essa altura ganha um peso a mais. Era um militar nacionalista e progressista, coisa que anda em falta no Brasil destes tempos, de subserviência rara. Além da falta que fará ao debate público em geral, analista raro que era do cenário internacional a partir do seu Observatório das Nacionalidades. Uma pena.

Mais de 100

Aliás, a fase não anda mesmo boa para militar progressista. Ex-militante da FEB, na sexta-feira morreu em Fortaleza o coronel Antonio Alexandrino, com direito a pêsames, via Twitter, do ex-candidato do PT à presidência, Fernando Haddad, em quem votou em 2018, apesar dos 99 anos, na época.

Olho na região

Cariri entrou forte no mapa das articulações eleitorais para 2020. O primeiro final de semana teve por lá, organizando grandes reuniões políticas, os deputados federais José Guimarães (PT) e Roberto Pessoa (PSDB). Claro que cada um olhando para um lado diferente das forças regionais.

Três em um

O quadro caririense é intrincado porque as conversas políticas, em geral, são intermunicipais, ou seja, o que se acerta para Juazeiro do Norte precisa considerar o Crato e incluir também Barbalha no cálculo. Pelo menos este triângulo precisa fazer parte da equação para que ela leve ao melhor resultado.

A bebida liberada

O senador Eduardo Girão (Podemos) vai precisar redobrar sua luta histórica contra a venda de bebida nos estádios, agora que a fabricante da aguardente Ypióca adquiriu os Naming Rights do campeonato cearense de futebol de 2020. É uma das bandeiras mais caras ao tricolor parlamentar. Ou parlamentar tricolor.

O gol, às vezes, é contra

O evento cearense estará comercialmente vinculado a uma marca alcoolica, para felicidade financeira dos clubes, inclusive do seu Fortaleza, e infelicidade de quem, como ele, milita contra qualquer associação entre uma coisa e outra. Entre um gol e outro, o discurso precisará ser reafirmado.

Pronto para posse

O conselheiro Valdomiro Távora toma posse amanhã, às 16 horas, para o quarto mandato como presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Ele falou à coluna sobre suas expectativas, já que assume, agora, um órgão mais turbinado e forte:

O POVO: A forma como o senhor foi eleito, em disputa apertada e por apenas um voto, representa ameaça à unidade do TCE?

Valdomiro Távora: Foi uma eleição democrática, e a decisão da maioria será respeitada, como sempre acontece neste Tribunal.

O POVO: O que o senhor traz de lição das gestões anteriores para o momento?

Valdomiro Távora: Aprendi muito nas três gestões que presidi o Tribunal. Agora, ainda mais amadurecido com os desafios diários que passamos, tenho certeza que, com a ajuda de todos que integram o TCE, vamos continuar o grande trabalho realizado na gestão do conselheiro Edilberto.

O POVO: É a primeira eleição municipal em que o TCE estará responsável também, pelas contas das prefeituras. O Tribunal está preparado?

Valdomiro Távora: O Tribunal está preparado. Temos um quadro de servidores competentes, conselheiros, conselheiros substitutos e procuradores de Contas atuantes. Não tenho dúvidas que faremos um grande trabalho.

 

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