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As entrevistas e as performances
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

As entrevistas e as performances

Tipo Opinião
1901gualter (Foto: Carlus Campos)
Foto: Carlus Campos 1901gualter

Interessante a iniciativa do Grupo de Comunicação O POVO de abrir espaços para que pré-candidatos à Prefeitura de Fortaleza comecem a se apresentar com suas ideias de cidade e de gestão. Está todo mundo convidado, considerados aqueles vários nomes que têm sido citados ou especulados, porque o objetivo é ouvir o conjunto o mais completo das vozes interessadas em se inserir no jogo, por iniciativa própria, sob estímulo de grupos ou mesmo aquele que esteja sendo empurrado pelas circunstâncias.

Na primeira semana, cinco deles colocaram-se diante dos jornalistas da Casa, na rádio O POVO CBN e no portal O POVO Online, com desdobramentos para outros espaços e plataformas. Pela ordem: Heitor Férrer (Solidariedade), Capitão Wagner (Pros), Célio Studart (Verde), Carlos Matos (PSDB) e Renato Roseno (Psol). A curiosidade inicial que se tem é quanto às performances de cada um, tentando descobrir quem deles se saiu melhor.

A realidade, porém, é que não faz muito sentido buscar esse tipo de resposta agora. O foco que se busca, e que o próprio fortalezense deve vislumbrar com sentido maior de prioridade, é identificar as relações verdadeiras que há da cidade com os interessados em virar candidato, coisa que se oficializa lá para o meio do ano. Este, sim, um passo importante já, porque fundamental às etapas seguintes, de conversas sobre articulações, busca de alianças e outros aspectos comuns a uma campanha. Já falando-se de seu estágio oficial.

O que se pode exigir daqueles que há mais tempo manifestam intenção de disputar a sucessão do prefeito Roberto Cláudio (PDT) seria um plano um pouco mais avançado de identificação dos problemas, uma ideia melhor elaborada de como enfrentá-los e algumas indicações de equipe em formação, se possível, com algum esboço de plano de governo.

Nesse aspecto é que se poderia esperar mais, inclusive nas entrevistas, de pré-candidatos como Heitor Férrer e Capitão Wágner. Talvez, também, do psolista Renato Roseno. Todos já candidatos em momentos anteriores, conhecidos do eleitor fortalezense de outras jornadas eleitorais e que precisam chegar a 2020 num estágio avançado, em termos comparativos falando mais de soluções do que problemas. Porém, a performance deles nas entrevistas manteve um gasto de tempo demasiado nos diagnósticos, quando é normal que lhes seja cobrado que já apresentem uma ideia dos remédios que sugerem para as doenças detectadas. Com a pressa que está a exigir o quadro de incertezas futuras, do País mais do que do município.

A guerra que o presidente inventa todo dia

É cruel o sofrimento, e humilhação, até, a que estão submetidos os jornalistas escalados, em Brasília, para acompanhar o dia-a-dia do presidente da República a partir da entrada e saída do Palácio do Alvorada. Desde sempre, para quem não conhece a dinâmica de como as coisas acontecem ali, a área próxima à guarita de entrada da residência oficial é ocupada todo dia por repórteres de plantão sempre que o morador principal lá está.

Uma das mudanças no cenário é o fato de agora co-existir uma claque de populares dividindo o mesmo espaço, geralmente hostil à imprensa, muito em função do discurso irresponsável do presidente. Mais do que irresponsável, em vários momentos intimidatório, antidemocrático, xenofóbico, homofóbico, criminoso em vários aspectos.

Sem que Bolsonaro mude seu comportamento, caminha-se para uma tragédia, considerando ainda o fato de que não há alternativa para os jornalistas senão o de continuar questionando o principal mandatário acerca de temas que estão no dia a dia das pessoas e do País. Como na fábula do escorpião, a despeito do perigo que isso passou a representar, é da nossa natureza.

A acertada frieza política de Camilo

Gente ao lado dando corda é o que não falta, mas, até agora Camilo Santana se mantém frio diante do entusiasmo de alguns com o notório crescimento nacional do seu nome. Sem dúvida, o correto a fazer diante de uma situação que é conjuntural, porque não faltam exemplos de quem deu passo maior do que a perna e, como preço disso, desapareceu do cenário político.

Animação de um lado só

Os tucanos locais que teimam em acreditar que seja possível atravessar o caminho natural do DEM em Fortaleza, que seria compor a aliança em torno do candidato que o prefeito Roberto Cláudio lançar à própria sucessão, podem tirar o cavalinho da chuva. A chance, hoje, é próxima de zero, considerando-se inclusive o entusiasmo nenhum dos demistas cearenses com tal possibilidade.

De Salvador a Fortaleza

O avançar firme das conversas entre Ciro Gomes e ACM Neto (prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM) misturam 2020 com 2022 e colocam Fortaleza na primeira prateleira das conversas. O acerto sobre Salvador é dado como finalizado e o candidato a ser ungido pelo atual gestor terá apoio dos pedetistas, que esperam a contrapartida direta aqui na capital cearense.

Moroni é o vice, lembra?

Nunca é demais lembrar, porque às vezes esquecemos, que o atual vice de RC é Moroni Torgan, portanto não há necessidade de qualquer ginástica política fora do padrão para confirmar o movimento.

Preparados estão sendo

Os candidatos às câmaras de vereadores nunca se viram obrigados a tantos cursos e preparação quanto acontece agora. Em siglas como PT, PSDB e Novo, a programação tem sido intensa e o que se espera é que tudo isso resulte em candidaturas mais qualificadas e, logo adiante, em políticos melhores. Não é garantia, mas é um caminho.

O relator está escolhido

O conselheiro Edilberto Pontes já foi definido como relator das contas do governo do Ceará relativas ao ano de 2019 no Tribunal de Contas do Estado (TCE). Uma escolha que, no Abolição, aquieta expectativas de que poderia ser um problema a mais a administrar num ano eleitoral, que tem suas conturbações próprias.

Foto do Guálter George

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