A postura de alinhamento absoluto com o governo Bolsonaro do presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, anda arranhando a unidade do empresariado daquele estado. Um trio de peso, formado por Horário Lafer Piva, Pedro Passos e Pedro Wongtschowsk, assinou artigo a seis mãos na Folha de S. Paulo no qual expõe de maneira pública o desconforto, que seria de muito mais gente, com a situação. É uma boa discussão.

Há tempos que Skaf mistura as coisas e coloca interesses pessoais e políticos à frente do que seria a agenda da entidade que preside, fundamento básico da queixa aberta dos seus críticos nominados, um deles também ex-presidente da Federação. Acusa-se o dirigente de colocar a entidade a serviço dos seus projetos político-partidários, no caso, agora, buscando legitimação como candidato do presidente Bolsonaro e do seu governo à prefeitura de São Paulo.

Faz-se uma cobrança forte até ao silêncio que a maioria de empresários adota diante do comportamento de pouco escrúpulo do presidente da Fiesp. Talvez seja uma reação tardia, porque não é de hoje que Paulo Skaf pinta e borda, usa a exposição do cargo, a estrutura e os recursos da entidade para fazer política sem nenhuma timidez. Ora para derrubar presidente, como quando deu cara ao movimento do impeachment contra a petista Dilma Rousseff, ora, como neste momento, para alinhar-se de maneira totalmente acrítica a um governo.

É claro que reconhecer os feitos de uma gestão pública, respaldar o que eventualmente esteja fazendo de acertado, até como estímulo para que continue na mesma linha, também faz parte das atribuições de quem comanda uma instituição com o peso referencial da Fiesp. Aqui mesmo, no Ceará, tivemos até recentemente um presidente da Federação das Indústrias, Beto Studart, que se dizia um "Bolsonaro apaixonado". Para desconforto de alguns e críticas que se fazia apenas entre paredes no prédio da Barão de Studart, embora sob o reconhecimento, sempre, de que eram manifestações no limite do que a representação do cargo permitia.

O sucessor dele, Ricardo Cavalcante, se também é apaixonado por Bolsonaro nunca se manifestou de público nesse tom. Nesse sentido, o ambiente, comparado à ebulição de São Paulo, é de tranquilidade. Embora não por completo, porque houve reações internas, embora contidas, à ostensiva presença de autoridades militares convidadas na reabertura solene das atividades da Fiec, no dia 14 passado. Longe do padrão Skaf, diferente do estilo Beto, mas não deixa de ser um sinal de aceno em direção àquilo que parece conveniente aos dias atuais.

De cara com Ciro

Depois da passagem rápida de ontem pelo Ceará, Marina Silva já agendou sua próxima vinda a Fortaleza. Será em março, para ser entrevistada por Ciro Gomes no canal que ele mantém no youtube. Os dois ex-candidatos à presidência da República articulam-se, hoje, dentro de um mesmo bloco no qual se encontram Rede e PDT, suas respectivas legendas partidárias.

Justiça moderna

Grupo de trabalho instituído recentemente no Tribunal de Justiça vai dar corpo à ideia de criar um Laboratório de Inovação. O projeto do desembargador Washington Araújo, atual presidente, é de fazer surgir um núcleo para ser desafiado a apresentar soluções tecnológicas, na linha das startups e coisa que valha, para demandas que o Judiciário apresenta no seu dia-a-dia.

100 anos, se vivo fosse

Está sendo organizado para o próximo dia 18 de junho, em Fortaleza, um evento para lembrar que Celso Furtado, economista que pensou o Nordeste como poucos até hoje, dentre os que tiveram protagonismo nacional, completaria 100 anos em 2020. Por enquanto, com as presenças confirmadas de Luis Gonzaga Belluzzo e Márcio Pochman e do jornalista especializado na área Luis Nassif.

A garantia dos juízes

Sobre a polêmica do juiz de garantias, o novo presidente da Associação Cearense de Magistrados (ACM), Daniel Carneiro, esclarece a posição da entidade: sua implantação até precisa ser discutida, mas em outra perspetiva. O que se critica e se questiona, diz ele, é a forma como se está querendo implantá-la, em pouquíssimo tempo, quase sem discussão e sem planejamento de custos, financeiros e organizacionais.

Gente grande na mesa

O presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, estará no Ceará participando do 9º Seminário de Direito Eleitoral, que acontece no dia 17 de abril, no auditório Murilo Aguiar, da Assembleia Legislativa, em Fortaleza. Dividirá mesa com Ciro Gomes, também advogado, sobre "reformas eleitorais, cenários e perspectivas jurídicas e políticas das eleições municipais de 2020".

Sobral e Juazeiro

Evento é organizado pelo Instituto Cearense de Direito Eleitoral (ICDE), que programa duas outras edições para 2020, uma em Sobral, dia 27 de março, e outra em Juazeiro do Norte, dia 3 de abril. O conjunto das programações está sendo ainda fechada, por depender de confirmações de convidados, mas a list de quem já disse "sim" é bem interessante. A começar pelo presidente da OAB nacional.