Logo O POVO+
Cinco passos para a cura das feridas emocionais
Foto de Guilherme Ashara
clique para exibir bio do colunista

Psicoterapeuta sistêmico com especialização em Psicologia Transpessoal e Psicoterapia Somática Integrada. Viveu na Índia onde se aprofundou em diversas abordagens terapêuticas e de meditação. Fez cursos e supervisão em Constelação Familiar com Bert e Sophie Hellinger e foi o introdutor da Constelação no Ceará; Ashara atende individualmente e ministra cursos de formação em Constelação em diversas cidades do Brasil. Veja mais: www.ashara.com.br

Guilherme Ashara comportamento

Cinco passos para a cura das feridas emocionais

Curar das feridas emocionais é fazer o trajeto que começa com reconhecimento desses problemas, passa pelo desconforto de senti-los e termina quando aprendemos os limites saudáveis que as emoções proporcionam.
Tipo Análise
Curar as feridas da infância exige dar os primeiros passos  (Foto: AtharvaTulsi/Unsplash)
Foto: AtharvaTulsi/Unsplash Curar as feridas da infância exige dar os primeiros passos

.

Quando nos deparamos com um problema de relacionamento, por exemplo, e sentimos todo tipo de sentimento ‘negativo’ e sensações desagradáveis. Nunca achamos que o problema está nesses sentimentos e sensações. Queremos ter uma DR (discutir a relação) com o parceiro. E insistimos em encontrar uma solução com ele.

Raras são as psicoterapias ou tratamentos psiquiátricos que apontam para o campo emocional como a raiz do problema. Os psicotrópicas funcionam, na verdade, como anestesiantes do sistema psicoemocional. Em outras palavras, eles mascaram a raiz do problema.

Para exemplificar os passos para cura das nossas feridas psicoemocionais vou descrever um caso terapêutico que aconteceu com uma cliente minha. Vou chamá-la de Joana.

Joana me procurou através do WhatsApp para uma consulta online. Já de antemão pude perceber o quanto ela se mostrava ansiosa. Ela queria, se possível, a sessão para o mesmo dia. Começou dizendo que a sua questão era que o seu marido havia pedido a separação. No inicio da sessão, demonstrou um certo controle, porém quando toquei nas suas questões da infância, ela ficou muito emocionada.

Ficou bem claro pra mim que Joana havia sofrido algo na sua infância e não conseguia ligar a dor que sentia com a eminente separação do marido com suas feridas da infância. Meu trabalho já no início da sessão é apontar nessa direção porque tenho consciência de que todas as nossas questões têm origem nos nossos primeiros anos de vida.

Quando perguntei como foi a sua infância, Joana começou a contar, já com lágrimas nos olhos, que nasceu em uma família paupérrima e que inclusive tinha passado fome. Então, ficou claro para mim que Joana realmente carregava muitas feridas emocionais da sua infância.

Nesse momento da sessão encontro maneiras e recursos para apoiar e acolher a cliente. Ela agora já está bem dentro da dor da sua criança ferida e meu trabalho é demonstrar que a dor e insegurança que ela sente concernente à separação é exatamente a mesma que ela sentiu na sua infância de pobreza, mal tratos, abandono e rejeição.

Quando expressei que compreendia totalmente o seu sofrimento e a sua ferida, Joana se acalmou. Aos poucos ela se conectou com sua criança rejeitada e pode senti-la e dar espaço para os sentimentos.

O 1º passo para a cura das feridas emocionais é reconhecer uma situação difícil que você está vivendo e que precisa de ajuda para se aprofundar no problema e consequentemente encontrar uma direção para a solução. A solução está sempre dentro do problema. 

Para isso, precisamos compreender que basicamente tudo que vivemos e que gerou ansiedade, depressão, medo, desconforto, dor emocional, raiva e tristeza tem suas raízes em fatos traumáticos que aconteceram na nossa infância.

O 2º passo é se permitir sentir a dor, o desconforto emocional ou o incômodo que veem com o problema. A pessoa ou situação que engatilhou o sentimento não é importante para a cura. Isto é, focamos no sentimento e na sensação corporal.

Durante a sessão eu peço às clientes que imagine o parceiro diante delas e diga: “Quando você ‘pede a separação’, eu me sinto… ‘completamente sem chão, rejeitada, ansiosa…’. Peço que ela complete com os sentimentos e sensações que vierem naquele momento.

No 3º passo podemos perguntar: “o que aconteceu na sua infância que gerou esse mesmo sentimento, essa mesma sensação corporal?”

Na sessão, Joana imediatamente conectou com a sua infância de mal tratos, rejeição e abandono. Significa que agora ela pode começar a perceber que suas dores e desconfortos não necessariamente foram gerados pelo pedido de separação do marido. Eles, na verdade, foram engatilhados pelo pedido, mas foram gerados pelos traumas da infância de Joana. Ela agora pode aprender a separar o que é do adulto do que é da criança.

O 4º passo é compreender como esses sentimentos da criança ferida afetam profundamente nossos comportamentos e relacionamentos. Quem dita o comportamento e as reações emocionais é a criança ferida. É o nosso complexo emocional que se sobressai. A mente tem bem menos poder de decisão.

5º passo é aprender a colocar limites saudáveis em como você quer se relacionar. Reconhecer seu tempo e suas necessidades. Isso passa por aprender a comunicar/ expressar suas dores, ansiedades e desconfianças sem culpar o outro.

Se sigo esses passos nossas dores e feridas começam a diminuir e curar. Podemos sentir que ganhamos mais energia e paz. Nos tornamos mais confiantes e caminhamos gradualmente na direção do amor e da felicidade.

Namastê!

Foto do Guilherme Ashara

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?