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Alternativa para o Brasil
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Advogado, pós-graduado em Processo Penal e mestre em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza (Unifor). É professor do Centro Universitário Estácio/Ceará e da Universidade Sete de Setembro (Uni7). Fundador do escritório Hélio Leitão e Pragmácio Advogados

Alternativa para o Brasil

Tipo Opinião

O presidente Jair Messias Bolsonaro põe à prova, a todo instante, incansavelmente, os limites da nossa paciência e capacidade de indignação. E não vou falar aqui da condução criminosa das ações de combate à pandemia que já ceifou a vida de mais de 550 mil brasileiros. Não que não mereça.

Nem vou me ater às suas declarações, algumas patéticas, feitas com o propósito deliberado de desviar o foco do debate público e animar sua claque, que hoje anda meio envergonhada.

Quero falar de seus antológicos "encontros fora de agenda", aptos hoje a compor uma rica galeria de horrores. Em meados do ano passado, permitiu-se o mandatário máximo do país receber no Palácio do Planalto o ex-major do exército brasileiro Sebastião Curió, a quem o Ministério Público Federal imputa crimes de homicídio e ocultação de cadáveres perpetrados quando liderava ele as tropas que, nos começos dos anos 1970, exterminaram os focos de resistência armada à ditadura de 1964 instalados no sul do estado do Pará e no hoje estado do Tocantins.

Há mesmo relatos de que Curió, que se comprazia em dizer, fazendo trocadilho infame com o próprio nome, que "o meu revólver cantava mais alto", teria torturado e executado a sangue frio os resistentes.

Os crimes cometidos no episódio da chamada "guerrilha do Araguaia", vale recordar, ensejaram a condenação do estado brasileiro pela Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Não satisfeito, o presidente, que tantas folgas parece ter em sua agenda, volta a aprontar das suas. Recebe em palácio a deputada Beatrix Von Storch, do partido de extrema-direita Alter-nativa para a Alemanha (AfD), em cujas fileiras abrigam-se correntes políticas xenofóbicas, islamofóbicas, antissemitas e mesmo de assumido caráter neo-nazista.

A deputada, cujo ideário que professa e prática política não desonram a sua tradição familiar, pois neta de Johann Ludwig Schwerin von Krosigk, por 12 anos ministro das finanças do Chanceler do Reich e Führer da Alemanha Nazista Adolf Hitler, foi recebida em palácio com direito a foto ao lado de um presidente Bolsonaro afável e sorridente.

A um dos mais importantes formuladores das bases do pensamento político ocidental moderno, o florentino Niccolò Machiavelli, atribui-se a máxima de que "governar é fazer acreditar". Dando créditos ao autor de " O Príncipe" e de "Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio", assalta-me o espírito a indagação sobre em que o presidente nos pretende fazer acreditar.

No mundo da política, nada, nenhum gesto ou movimento se dá por acaso ou sem consequências. Cada ação ou omissão guarda imensa significação e carga simbólica.

Ao receber no Palácio do Planalto, sede do governo brasileiro, líder de partido que se alinha com pautas racistas, de ódio e que chega ao desplante de negar o holocausto de milhões de judeus e outras minorias levado a cabo pela máquina assassina nazista, quais sinais quer emitir o presidente?

Proporia ele uma plataforma política assemelhada, versão tropical do neo-nazismo alemão? É essa sua alternativa para o Brasil? n

 

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