Em entrevista exclusiva ao O POVO nesta terça-feira, 29, o governador do Estado Camilo Santana (PT) disse que o prefeito eleito José Sarto (PDT) “tem procurado o partido” para participar da administração de Fortaleza.

“É o próprio prefeito eleito que tem procurado o partido e quer o partido junto com ele nessa gestão, e espero que o PT possa fazer essa reflexão sobre a importância deste momento”, defendeu Camilo.

O PT decide hoje, em reunião a partir das 18 horas, se embarca no governo Sarto ou se lhe fará a oposição. A tendência, até ontem, era de a sigla se firmar no campo oposicionista, mas com diálogo aberto com o Paço.

Na conversa, Camilo afirmou que a hora, porém, é de o PT “colaborar” com a Prefeitura.

“Acredito que esse é o momento de o PT colaborar com a gestão do Sarto. Claro que isso caberá ao partido, e sempre respeitei as decisões partidárias. Mas defendo que, neste momento, é muito importante o PT colaborar com a construção dos avanços importantes e necessários”, enfatizou.

De acordo com o governador, é Sarto que “deseja isso”, ou seja, uma aproximação com a legenda, que está na oposição desde 2012, quando foi derrotada pelo então candidato Roberto Cláudio, à época no PSB.

“É importante o partido contribuir com essa construção com o mandato do prefeito Sarto. É uma pessoa extremamente aberta”, continuou Camilo. “Eu acho que, quando você participa de uma eleição, ajuda a eleger um candidato, é natural que você participe da construção desse governo, ajude a consolidar aquilo que foi decidido. O PT tem muito a contribuir com a gestão do Sarto.”

Sobre rumor de possível saída do partido, Camilo declarou que se trata de especulação. “São especulações, não tenho tratado desse assunto. Minha única preocupação é cuidar dos cearenses, do meu estado, todas as minhas energias estão focadas em enfrentar essa pandemia”, devolveu.

Quando questionado se descarta deixar a legenda, o petista respondeu: “Não tenho discutido isso neste momento”. Mas é uma possibilidade?, a reportagem insistiu. “Especulações”, concluiu o governador.

Em relação a seu futuro político a partir de 2022, quando deixa o Governo do Estado, Camilo desconversou.

Perguntado se será candidato a algum cargo eletivo, disse que é muito “grato à forma como a população tem me apoiado e apoiado nosso governo” e que tem “procurado fazer um governo com muito diálogo”.

E acrescentou: “Vou continuar dedicando minhas energias em 2021 a superar a pandemia. Temos tempo para pensar em 2022 e avaliar os cenários futuros. Vai depender do cenário nacional e da conjuntura até lá”.

Camilo também tratou de suas prioridades para o próximo biênio, quando se encerra o seu mandato à frente do Palácio da Abolição. Segundo ele, saúde, educação e recuperação econômica devem ser os três principais eixos de ações do governo nestes últimos dois anos.

O governador afirmou ainda que estuda a necessidade de uma reforma administrativa a partir de janeiro de 2021. “Estamos avaliando. Vamos fazer um balanço no início do ano em relação a algumas ações. Onde for necessário mudar para melhorar, vamos fazer. Fizemos na Casa Civil, na Segurança, na CGD. Todas as áreas estão sujeitas a mudanças para melhorar”, respondeu.