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Um abismo entre Mayra Pinheiro e Dimas Covas na CPI da Covid
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Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.

Um abismo entre Mayra Pinheiro e Dimas Covas na CPI da Covid

Tipo Opinião

É pedagógico contrastar os depoimentos de Dimas Covas, presidente do Butantan, e de Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, ambos ouvidos na última semana pela CPI da Covid.

Aos senadores, a médica cearense reiterou a sua defesa de uma medicação comprovadamente ineficaz contra a doença. À mesma audiência, Covas disse que o Brasil teria 100 milhões de vacinas em maio caso o Governo Federal houvesse contratado entrega das doses em outubro do ano passado.

Mayra negou que o Ministério da Saúde tivesse indicado cloroquina, embora documentos, um deles lido pelo relator, comprovem que a pasta não apenas orientou, mas estimulou e ajudou a produzir e distribuir os remédios, a mando do chefe do Executivo.

Covas, por sua vez, afirmou que a compra de 46 milhões de imunizantes, anunciada pelo então ministro Eduardo Pazuello, foi frustrada após manifestação pública de Jair Bolsonaro, o que se configura como interferência direta do presidente no enfrentamento da pandemia. À CPI, Mayra afastou a possibilidade de que Bolsonaro haja exercido pressão sobre ela durante todo esse tempo, ainda que o seu ex-chefe tenha declarado: um manda, o outro obedece.

Tomados em conjunto, são dois depoimentos exemplares do que já se sabia: 1) à vacina, o presidente preferiu o curandeirismo e o charlatanismo; 2) a negligência da imunização foi deliberada. O custo desse projeto é alto: mais de 460 mil vidas perdidas. O mérito da CPI é dar corpo às suspeitas, confirmá-las e documentá-las.

 

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