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Conheça os destaques das seleções que enfrentarão o Brasil na fase de grupos da Copa do Mundo
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Integrante do Grupo O POVO há 5 anos, com passagem pela redação do Esportes O POVO e atualmente como repórter setorista do Ceará Sporting Club. Nesta coluna se volta à paixão pelo futebol europeu, ampliando o espectro do já estabelecido Clássico-Rei local.

Conheça os destaques das seleções que enfrentarão o Brasil na fase de grupos da Copa do Mundo

Apesar do favoritismo brasileiro, o futebol moderno aliado à globalização fortaleceram os times nacionais dos mais conhecidos aos mais periféricos, os próprios marroquinos sendo um desses exemplos
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McTominay é o principal jogador da seleção da Escócia, rival do Brasil no Grupo C da Copa do Mundo (Foto: ALBERTO PIZZOLI / AFP)
Foto: ALBERTO PIZZOLI / AFP McTominay é o principal jogador da seleção da Escócia, rival do Brasil no Grupo C da Copa do Mundo

Na última sexta-feira, 5, aconteceu o aguardado sorteio dos grupos para a Copa do Mundo. O Brasil ficou no grupo C, junto à Escócia, Haiti e Marrocos, que são equipes sem tanta tradição no principal torneio de seleções do mundo.

Apesar do favoritismo brasileiro, o futebol moderno aliado à globalização fortaleceram os times nacionais dos mais conhecidos aos mais periféricos, os próprios marroquinos sendo um desses exemplos. Vou trazer onde jogam, o momento em que estão e quem são os principais destaques das três seleções que serão adversárias do Brasil na primeira fase da competição.

Seleção: Escócia

Principal Jogador: McTominay (Napoli)

Outros destaques: Robertson (Liverpool), Ferguson (Bologna) e Che Adams (Torino)

Indo por ordem alfabética, a primeira seleção escolhida é a Escócia. O time bretão tem vários bons jogadores, que, apesar de estarem fora do radar da maioria, são atletas que estão se destacando há um tempo em seus respectivos clubes. Dentre eles, o principal é o meia Scott McTominay, do Napoli. “McSource”, como era conhecido, é da base do Manchester United e é mais um que segue à risca o “saia do Manchester United e vire um bom jogador”.

Agora chamado de “McFratm” — uma brincadeira com a maneira de falar “meu irmão” na região de Nápoles —, Scott saiu de um primeiro volante “destruidor” para um meio-campista completo, que é o mais avançado no setor. Essa mudança já tinha ocorrido quando ele jogava no United, na sua última temporada, mas foi no Napoli que o camisa 8 foi potencializado.

Liderou o time de Antonio Conte na conquista do Campeonato Italiano (2024/25), marcando 12 gols e dando quatro assistências, sendo eleito o melhor jogador do torneio e ficando em 18º na lista da Bola de Ouro. Atualmente, mesmo com a chegada de reforços, segue protagonista em Nápoles e tem cinco gols anotados, sendo três na Champions, e duas assistências.

O estilo de jogo que Scott faz no Napoli foi levado para o time nacional, desempenhando uma função semelhante, mas com algumas diferenças. Se na equipe italiana ele atua como o meia mais avançado, na Escócia ele atua como o segundo atacante que recompõe como um meia. A seleção aproveita a estatura (1,91m) para potencializar as jogadas aéreas, somando-se a qualidade pelo chão.

O número de escoceses fazendo sucesso na Itália tem se tornado rotineiro. Se antigamente a Inglaterra com a Premier League era a principal praça para definir os selecionáveis pela Escócia, atualmente é a Série A italiana onde temos encontrado os principais jogadores do país. Billy Gilmour (também do Napoli), Che Adams (Torino), a promessa Lennon Miller (Udinese) e Lewis Ferguson (Bologna) são exemplos de bons nomes que estarão na Copa e atuam na terra da pizza.

É claro que o futebol inglês, tanto da primeira quanto da segunda divisão, ainda fornece vários jogadores importantes para a seleção escocesa. O mais famoso é Andy Robertson, lateral-esquerdo do Liverpool e que, por muitos anos, foi um dos melhores do mundo. Os pontas habilidosos McGinn, do Aston Villa, e Doak, que é da base do Liverpool, mas está atualmente no Bournemouth, são outros dois profissionais de bom nível. Outros nomes conhecidos, como Ryan Christie, volante do Bournemouth, Kieran Tierney, do Celtic e que jogou muitos anos no Arsenal, e Aaron Hickey, lateral do Brentford, são menções importantes que compõem o time escocês.

Essa geração, que cresceu na surdina sem chamar a atenção de muita gente, conquistou o primeiro lugar em um grupo das Eliminatórias Europeias com Croácia e Dinamarca, classificando a Escócia para a sua nona Copa do Mundo, um retorno esperado desde a Copa de 98.

Seleção: Haiti

Principal Jogador: Duckens Nazon (Esteghlal FC)

Outros Destaques: Frantzdy Pierrot (AEK), Jean-Ricner Bellagarde (Wolverhampton) e Josué Casimir (Angers).

Apesar da histórica classificação do Haiti, retornando à Copa do Mundo após 52 anos, a expectativa haitiana é fazer uma competição digna e sem protagonismo. Tentará arrancar pontos da Escócia e de Marrocos, talvez sendo o “fiel da balança” que definirá quais das duas ficarão em segundo lugar.

A maioria dos nomes da seleção latino-americana estão em mercados secundários ou até terciários do futebol, com uma das exceções sendo Bellegarde, talvez o nome mais conhecido dos convocados, atualmente no Wolverhampton. Duckens Nazon, principal atleta do time e artilheiro nas eliminatórias da Concacaf, tem experiências em ligas europeias, defendendo clubes como CSKA-RUS, Kayserispor-TUR, Wolverhampton-ING, mas atualmente está no Esteghlal FC, do Irã, longe dos principais centros do futebol.

Outros destaques, como Casimir e Arcus, também são exceções e atuam na primeira divisão francesa, pelo Angers; Pierre, que defende o Vizela, de Portugal; e Pierrot é o centroavante titular do grego AEK. Os torcedores do Fortaleza irão reconhecer o rosto de Adé, zagueiro da LDU, que estava na final da Sul-Americana contra o Tricolor. Outros frequentemente titulares, como Providence, ponta haitiano, e Jean Jacques, volante, atuam no futebol estadunidense.

Seleção: Marrocos

Principal Jogador: Achraf Hakimi ou Brahim Diaz

Outros Destaques: Bono (Al-Hilal), Mazraoui (Man United) e Igamane (Lille)

O principal desafio do Brasil, com certeza, será Marrocos. Talvez, se compararmos nome por nome, a geração anterior (2022) tenha um ou outro jogador mais talentoso ou em melhor momento na carreira. Porém, a seleção marroquina segue como uma equipe forte e recheada de talentos. A última “aquisição” foi a escolha de Brahim Diaz por defender o país africano em que nasceu sua avó em vez da Espanha, nação em que ele nasceu e que defendeu em torneios de base.

O talentoso Brahim chegou para suprir a ausência nas convocações de Ziyech como referência técnica ofensiva. Apesar de características diferentes, os dois ocupam a mesma faixa de campo na seleção, porém Diaz é mais dinâmico, se movimenta mais, enquanto Ziyech era mais técnico, um meia clássico. Brahim repete a escolha que fez Achraf Hakimi e se junta ao seu duplamente compatriota como os grandes nomes da atual seleção marroquina.

Alguns destaques que merecem ser mencionados são o goleiro destaque do Mundial de Clubes, Yassine Bono, que atualmente defende o Al-Hilal. Bono sempre foi considerado acima da média quando atuava no futebol europeu e era frequentemente vinculado a grandes equipes no mercado. Mazraoui é um bom lateral que surgiu no Ajax, teve passagem breve pelo Bayern e, apesar do momento conturbado que vive no Manchester United, é uma certeza na seleção. Igamane é um nome recente nas convocações e vem aproveitando o espaço. As boas atuações no seu antigo clube, o Rangers, e na seleção de base, lhe deram oportunidades no time nacional. No Lille, ele vem consolidando a boa fase e também vem rendendo pelo Marrocos, deixando o experiente En-Nesyri no banco.

Porém, a lista de estrelas marroquinas não acaba por aí. En-Nesyri, já mencionado, foi titular na última Copa e, apesar de estar em baixa, é peça importante na seleção e titular do Fenerbahçe. Adli, também centroavante, destaque do Bayer Leverkusen, ficou de fora das últimas convocações por lesão. Ben Seghir, meia-atacante que saiu do Monaco para se juntar a Adli no Leverkusen. Amrabat, volante talentoso que passou por United, Fiorentina e Fenerbahçe antes de chegar ao Betis. Abde Azzalzouli, também do Betis, ponta jovem talentoso e com muita capacidade técnica de drible e armação. Saibari, outro extremo que vem se destacando no PSV e deve ser uma nova venda milionária dos neerlandeses.

São muitos os ótimos jogadores que vivem grande fase em seus clubes e evidenciam o tamanho do desafio que será enfrentar Marrocos. É importante destacar que vários outros bons nomes — tanto entre os convocados quanto entre os que ficaram fora — nem sequer foram mencionados aqui. Para listar todos, seria necessário um texto exclusivo sobre a seleção marroquina.

Apesar dos elogios e do detalhamento feitos neste texto sobre Escócia e, especialmente, Marrocos, considero a seleção brasileira amplamente favorita a terminar o grupo na liderança. O Brasil pode até enfrentar dificuldades diante do estilo mais defensivo e dominante nas bolas aéreas da Escócia ou da velocidade no contra-ataque marroquino, mas nada justifica uma classificação que não seja tranquila, dada a ainda significativa superioridade técnica brasileira.

Foto do Horácio Neto

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