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Ceará negocia usina de hidrogênio verde
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Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará

Ceará negocia usina de hidrogênio verde

O Governo do Ceará está animado com uma possibilidade de o estado receber um investimento na construção de uma usina de hidrogênio verde. O governador Camilo Santana (PT) poderá assinar um protocolo de intenções até dezembro com um investidor internacional
Tipo Notícia
PORTO do Pecém  (Foto: JOCÉLIO LEAL)
Foto: JOCÉLIO LEAL PORTO do Pecém

Fortaleza - O Governo do Ceará está animado com uma possibilidade de o Estado receber um investimento na construção de uma usina de hidrogênio verde. O governador Camilo Santana (PT) poderá assinar um protocolo de intenções até dezembro com um investidor internacional. O investimento é tratado como revolucionário para a economia da região.

O secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Maia Júnior, diz que o investidor mira em atributos do estado como o potencial gerador de energia - tanto eólico como fotovoltaico - o Porto do Pecém - operado em sociedade com a Port of Rotterdam- e a oferta de água, em função da usina de dessalinização a ser instalada por mio de Parceria Público-Privada (PPP), na Praia do Futuro.

A descarbonização do planeta é uma meta de países de todo o mundo até 2050. Assim, a descarbonização do hidrogênio — responsável por mais de 2 % das emissões totais de CO2 no mundo, segundo estudo divulgado pela espanhola Iberdrola — resulta no hidrogênio verde.

Estimativas da Agência Internacional da Energia (AIE), publicadas no final de 2019, preveem aumento da demanda global de energia entre 25 e 30 % até 2040. Considerando economias muito dependentes do carvão e do petróleo, implica mais CO2 e o impacto nas mudanças climáticas. A descarbonização do planeta mira em novo cenário até 2050, movido a energias limpas como o hidrogênio verde.

O QUE É O HIDROGÊNIO VERDE E COMO ELE É OBTIDO
A tecnologia se baseia na geração de hidrogênio por meio de um processo químico conhecido como eletrólise. Em linhas gerais, usa a corrente elétrica para separar o hidrogênio do oxigênio que existe na água. Caso a eletricidade for obtida de fontes renováveis, pode-se gerar energia sem emitir dióxido de carbono na atmosfera.

Obter hidrogênio verde deste modo, segundo a AIE, pouparia 830 milhões de toneladas anuais de CO2 que se originam quando este gás é produzido por combustíveis fósseis. A substituição de todo o H2 cinza mundial significaria 3.000 TWh renováveis adicionais por ano — similar à demanda elétrica atual na Europa.

A viabilidade do hidrogênio verde esbarra no alto custo de produção. Naturalmente, o custo cai em função da maior escala.

O HIDROGÊNIO COMO ENERGIA LIMPA
O hidrogênio é o elemento químico que mais existe na natureza. Tal como indica a AIE, sua demanda global como combustível triplicou desde 1975, até chegar a 70 milhões de toneladas anuais em 2018. Além disso, é uma fonte de energia limpa que somente emite vapor de água e não deixa resíduos no ar, ao contrário do carvão e do petróleo.

A relação do hidrogênio com a indústria já vem de longe. Este gás foi usado como combustível desde o começo do século XIX em carros, dirigíveis e naves espaciais. A descarbonização da economia mundial — um processo inadiável — lhe dará mais destaque e, se sua produção reduzir seu preço em 50% até 2030 (tal como prevê o Conselho Mundial do Hidrogênio), estaremos sem dúvida diante de um dos combustíveis do futuro.

A Iberdrola colocou em funcionamento a maior usina de hidrogênio verde para uso industrial da Europa. A usina de Puertollano (Ciudad Real) será composta por um parque solar fotovoltaico de 100 MW, um sistema de baterias de íon-lítio com uma capacidade de armazenamento de 20 MWh e um dos maiores sistemas de produção de hidrogênio através de eletrólise do mundo (20 MW). Tudo a partir de fontes 100% renováveis.

VANTAGENS E DESVANTAGENS DO HIDROGÊNIO VERDE

Esta fonte de energia tem pontos a favor e contra. 

A FAVOR

100 % sustentável: o hidrogênio verde não emite gases poluentes nem durante a combustão nem durante o processo de produção.
Armazenável: o hidrogênio é fácil de armazenar, o que permite sua utilização posterior em outros usos e em momentos diferentes ao de sua produção.
Versátil: o hidrogênio verde pode ser transformado em eletricidade ou combustíveis sintéticos e ser utilizado com finalidades domésticas, comerciais, industriais ou de mobilidade.
Transportável: esta energia pode ser misturada com o gás natural em até 20 % e viajar pelos mesmos canais e infraestruturas do gás; o aumento desta porcentagem exigiria modificar diferentes elementos das redes existentes de gás para torná-las compatíveis.

CONTRA

Custo mais alto: a energia procedente de fontes renováveis, fundamentais para gerar hidrogênio verde através da eletrólise, é mais cara de gerar, o que, por sua vez, torna mais cara a obtenção do hidrogênio.
Maior gasto de energia: a produção do hidrogênio em geral e do verde em particular requer mais energia que outros combustíveis.
Atenção com a segurança: o hidrogênio é um elemento muito volátil e inflamável, exigindo requisitos de segurança elevados para evitar fugas e explosões.


IMPACTO DO HIDROGÊNIO VERDE
O hidrogênio como combustível é uma realidade em países como Estados Unidos, Rússia, China, França ou Alemanha. Outros como o Japão inclusive vão mais além, pretendendo ser uma economia de hidrogênio. 

Gerador de eletricidade e água potável
A obtenção destes dois elementos é possível com a reação do hidrogênio e oxigênio em uma pilha de combustível. Este processo tem sido muito útil em missões espaciais, por exemplo, ao fornecer às tripulações água e eletricidade de forma sustentável.

Armazenamento de energia
Os tanques de hidrogênio comprimido são capazes de armazenar energia durante longos períodos de tempo e, além disso, são mais simples de manejar que as baterias de íons de lítio porque são mais leves.

Transporte e mobilidade
A grande versatilidade do hidrogênio permite seu uso naqueles nichos de consumo que são muito difíceis de descarbonizar como: transporte pesado, aviação ou transporte marítimo. Há diferentes projetos neste sentido, como Hycarus e Cryoplane — promovidos pela União Europeia (UE) —, que planejam introduzi-lo em aviões de passageiros.

(Com informações da Iberdrola)

Foto do Jocélio Leal

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