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Manchete de hoje, de ontem ou anteontem
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Juliana Matos Brito é formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Trabalha no O POVO há 20 anos. Atuou como repórter e editora do núcleo Cotidiano, que reunia as áreas de Ceará, Fortaleza, Ciência & Saúde e Esportes. Também foi editora de Audiência e Convergência do Grupo de Comunicação O POVO e editora-executiva do Digital e da editoria de Cidades. Tem especialização em Jornalismo Científico e é mestranda em Ciências da Informação, ambos pela UFC.

Manchete de hoje, de ontem ou anteontem

Tipo Análise

A manchete é o conteúdo mais importante em um jornal. O destaque da edição. É aquele título maior na página que chama atenção para a notícia que, normalmente, um colegiado decide ser a mais relevante daquele momento. São formas de priorizar o conteúdo e de apresentá-lo ao leitor. Que pode ou não ser a ordem de preferência do leitor. Ou da ombudsman. Há uma subjetividade nisso.

Muitas vezes, as discussões entre os editores para se defender a escolha de uma manchete do jornal são acaloradas. E isso sempre é muito bom, porque mostra a força das editorias. E que, numa edição, mais de um assunto poderia ter sido levado ao local de maior relevância da publicação. E, nas discussões internas, é normal alguém preferir uma matéria ou outra em relação à escolha da manchete.

Essa semana, no entanto, algo chamou atenção. Na quinta-feira, dia 4, demos um assunto importante na manchete do impresso: "Luta contra a Covid-19. Leitos públicos de UTI devem dobrar em Fortaleza". O problema, a meu ver, é que essa informação já constava na cobertura de Cidades da edição do impresso do dia anterior, quarta-feira, e no portal na terça-feira, dia 2. Exatamente a mesma informação, sem nada além. Então, levamos uma informação à manchete do impresso de quinta-feira, 4, que já estava disponível ao leitor na terça-feira, 2.

O material da editoria de Cidades está robusto, tem muita informação importante e que ainda não havia sido divulgada pelo jornal, como o número três vezes maior de pacientes internados em UTIs em comparação a outubro, quando os números da Covid-19 voltaram a subir, ou mesmo uma atualização dos números de ocupação de leitos em Fortaleza, que chegava a 89,12% na data. Para não dar apenas números negativos, poderíamos atrelar uma dessas informações à promessa do Governo do Ceará de dobrar a quantidade de leitos. Traríamos informação nova ao leitor com uma contextualização importante.

Informação importante em destaque

Em resposta aos questionamentos, o diretor-executivo de jornalismo do O POVO, Erick Guimarães, destacou a importância de lançar um olhar específico sobre o tema do aumento dos leitos de UTI na edição da quinta-feira. "Compreendemos sua crítica. No entanto, avaliamos que essa era uma informação muito importante, que acabou ofuscada no conjunto da cobertura do anúncio das novas restrições. Por isso, decidimos lançar uma lupa sobre ela. Entendemos que é necessário deixar claro o momento que o Estado do Ceará - e Fortaleza em especial - está passando com relação ao alarmante aumento do número de casos", explicou.

Publicidade X Customização

O Grupo de Comunicação O POVO (GCOP) possui um núcleo comercial-editorial que produz conteúdo específico a partir de contratos firmados com empresas. Por exemplo: empresas pagam ao jornal para o desenvolvimento de projetos na área editorial. Esse tipo de projeto é conhecido no jargão jornalístico como "publieditorial", já que são pagos para serem publicados editorialmente.

Parte desse material publicado no GCOP, principalmente no impresso, vem com o aviso de "conteúdo customizado" no lugar de avisar que é um conteúdo "publieditorial". O que considero um problema já que não informa ao nosso leitor que o conteúdo é publicidade, é um publieditorial, conteúdo pago. O material é muito bem feito, de alta qualidade. Precisa apenas ser corretamente sinalizado desta forma ao leitor. Inclusive por "customização" significar "ação de tornar algo personalizado" e não relaciona diretamente que é algo sobre conteúdo publicitário.

A jornalista Paula Lima, editora-executiva de conteúdo do o Labeta - estúdio de branded content (conteúdo de marca) do GCOP, explica que "O POVO tem um núcleo voltado para produção de conteúdos de marcas, publieditoriais e elaboração de projetos especiais, o Labeta. Esses conteúdos são pagos por patrocinadores, mas se desenvolvem de formas diferentes. Projetos especiais são essencialmente editoriais e jornalísticos, mas só são viabilizados e publicados mediante patrocínio e, em alguns casos, há consultoria de temas e sugestões de fontes com patrocinadores".

"Os publieditoriais e conteúdos customizados são elaborados pelo time de jornalistas e designers do Labeta e aprovados pelos clientes que compraram a publicação. Para sinalizar ao leitor sobre publieditoriais usamos dois caminhos. No impresso, sinalizamos com 'Conteúdo customizado'. Na web, há uma cartola destacada com a palavra 'Publieditorial'. Acreditamos que o modelo em que empresas comunicam seus propósitos e até produtos através de conteúdos de qualidade, em veículos de credibilidade como O POVO, é uma das mais eficazes formas de acessar seus públicos, fazer a diferença no mercado e ter retornos rentáveis e de posicionamento de marca", defende a editora.

Concordo em relação à qualidade. Tem um material muito bom mesmo sendo produzido pelo núcleo. A minha questão é apenas essa: porque não identificar no impresso como 'publieditorial' como já ocorre nas outras mídias? Mais direto. Mais claro. E uma forma eficiente de nos comunicar com o leitor.

 

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