A última segunda-feira foi marcada por uma mudança no mercado editorial do Ceará. O principal concorrente do O POVO, o Diário do Nordeste, deixou de circular a sua edição impressa a partir do dia 1º de março de 2021. Mudança para muitos jornalistas e leitores envolvidos nessa rotina diária de ser informado. É fato que os tempos mudaram e, atualmente, o jornal em papel é apenas uma forma dentre tantas outras de se consumir notícias. Mas ela continua sendo importante para milhares de pessoas. Olhar para essa realidade é respeitar o leitor, seja o mais antigo, avesso às novas tecnologias, ou o jovem, que gosta mesmo de pegar no papel e ler o jornal de manhã cedinho.
E, em respeito à história do jornalismo, O POVO trouxe um editorial de capa na última segunda-feira para reforçar que a decisão de seu concorrente não lhe causava alegria e nem mudaria a sua jornada. O POVO reafirmou que continuará imprimindo o jornal, informação importante para o mercado. "Sempre que um jornal deixa de ser impresso, fecha-se um espaço de debate, e a democracia se enfraquece. E isso é muito mais importante do que uma mera disputa comercial", declarou O POVO no editorial. Para quem estudou com Agostinho Gósson e Ronaldo Salgado, ler aquele texto foi um alento.
Falar de jornalismo, de compromisso com o leitor, de responsabilidade com a comunidade, é mostrar o nosso objetivo primeiro como profissional da imprensa. A nossa força de ação a cada dia. E ver que o jornal destacou, em sua página principal, em uma carta ao leitor, que segue firme no papel de construir uma sociedade mais justa, foi importante. Deu força para nós, que fazemos O POVO. Seja como eu, que estou na função de criticar meus colegas para que a gente construa um produto melhor, seja a equipe que está na Redação batalhando por cada notícia, seja no papel, no portal, na foto, no vídeo, no podcast, nas redes sociais. E entregar, todo dia, toda hora, um produto novo para todos os leitores, em qualquer plataforma.
Jornalismo de serviço cada vez mais necessário
Além de noticiar fatos, o jornalismo tem como uma de suas funções prestar serviços de utilidade pública. São informações úteis, práticas e de fácil entendimento disponibilizadas ao leitor. Essas informações dão ao cidadão possibilidade mais rápida de ação/reação. Isso, além de mostrar comprometimento, aproxima o leitor do veículo de comunicação. Em tempos de fakenews, é no jornalismo de qualidade que se pode encontrar a informação certa para a conduta correta em determinados casos.
Na semana que passou, com a decisão do Governo do Ceará de decretar lockdown em Fortaleza, O POVO tomou duas decisões que, a meu ver, foram acertadas. A primeira foi de chamar a situação de lockdown mesmo. O Governo do Estado, durante a live de apresentação das novas medidas, insistiu em chamar de "isolamento rígido". Escolher a forma mais direta e clara é também melhor informar. Não causar confusão e ir direto ao assunto. Com o novo decreto, Fortaleza entrou sim em lockdown (confinamento, em inglês), nível de isolamento que impede a circulação de pessoas e abertura de comércios.
O segundo acerto, em minha opinião, foi de publicar diversas matérias de serviço com detalhamentos sobre o novo decreto. Em momentos como este, há muitas dúvidas sobre o que podemos ou não fazer. E muitos boatos. Por isso, o mais certo foi produzir com agilidade uma série de notícias para informar sobre o que poderia e o que não poderia ser feito no período do confinamento. Já na quarta-feira à noite, as informações começaram a ser publicadas. Uma sessão do portal ganhou o título de "Lockdown em Fortaleza" e reuniu o maior número de matérias de serviço sobre o tema.
Academias, delivery, aulas, barracas de praia, bancos, o que pode parar, o que não pode parar, o que não precisa fechar, restaurantes, hotéis, shoppings, padarias, postos de combustíveis, transportes, o decreto na íntegra. Cada área foi detalhada para que o leitor tivesse acesso às informações. As redes sociais atuaram em parceria com o portal para ir divulgando as notícias.
Além disso, importante também cobrar atuação do poder público. Mostrar o que tem sido feito com o dinheiro e cobrar as responsabilidades dos políticos eleitos de uma forma geral. Como na edição da última sexta-feira, com oito páginas destinadas a uma reportagem sobre o lockdown.
É tempo de ficarmos em casa. De nos conscientizarmos de que a situação de nosso Estado é grave. Não haverá leitos para todos se a situação continuar se agravando. Mais gente vai morrer e, o pior, morrer sem a devida assistência médica. Quanto mais em casa ficarmos, mais rápido superaremos esse período. Essa semana, o jornal fez um trabalho importante de mostrar a realidade e explicar o que devemos fazer nos próximos dias. Ficar em casa. Não aglomerar. Cuidar dos nossos. Se tiver condições, ajudar ao próximo. Entender que estamos vivendo um momento difícil. Só com a ajuda de todos conseguiremos superar com mais rapidez tudo isso.
>> Caros leitores, estarei de férias nas duas próximas semanas. A coluna volta a ser publicada dia 28 de março.
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DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA, DAS 8H ÀS 14 HORAS
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