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A dor do outro é (e precisa ser) a nossa dor
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Juliana Matos Brito é formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Trabalha no O POVO há 20 anos. Atuou como repórter e editora do núcleo Cotidiano, que reunia as áreas de Ceará, Fortaleza, Ciência & Saúde e Esportes. Também foi editora de Audiência e Convergência do Grupo de Comunicação O POVO e editora-executiva do Digital e da editoria de Cidades. Tem especialização em Jornalismo Científico e é mestranda em Ciências da Informação, ambos pela UFC.

A dor do outro é (e precisa ser) a nossa dor

Há mais de um ano, vivemos em tempos de isolamento, sofrimento, doença e morte. O jornalismo nos traz informação de qualidade para ficarmos bem informados. Alguns textos, são mais que isso. São doses de reflexão e a urgência de um olhar acolhedor
Tipo Análise
Parar para olhar para o próximo é urgente em tempos de pandemia (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Parar para olhar para o próximo é urgente em tempos de pandemia

A semana que passou começou com tristeza e choro engasgado. Perder o professor Gilmar de Carvalho foi mais um golpe dessa pandemia. Golpe que muitas famílias têm experimentado há mais de um ano. Ao chorar a morte prematura de um personagem tão importante da nossa cultura, choramos também as outras milhares de mortes. A semana que passou foi tempo do autor da tirinha Os Mundos de Liz, Daniel Brandão, publicada no Vida & Arte, fazer um desabafo após a morte do pai também por essa doença. As tirinhas publicadas sexta, quinta e quarta-feira mostram a dor que é dele e de mais milhares de pessoas. Uma mistura de tristeza profunda, desânimo, medo e raiva.

Faço o registro dessas duas saudades em homenagem a tantas outras vítimas e famílias que estão passando pelo mesmo desalento. E reitero aqui a função do jornalismo de levar informações de qualidade ao leitor em um momento tão delicado que estamos vivendo. E não é uma tarefa simples. Porque precisamos acolher as pessoas, alertar sobre os riscos e dar as informações corretas, a partir de fontes confiáveis. Tudo isso sem sensacionalismo, sem causar pânico.

Dois artigos publicados esta semana foram marcantes: "Embaixo das marquises" e "O privilégio de ter janelas". O primeiro nos mostra, de forma muito dura, a realidade que estamos vivendo em Fortaleza durante a pandemia. O segundo nos faz ver quão privilegiados somos. Faz-nos pensar sobre o que estamos vivendo e como o olhar pela janela pode ser um alento em tempos tão sombrios.

Neste domingo, é com esses dois artigos que acolho a dor do Daniel, de todos os que sofreram com a partida do Gilmar e de todos os que perderam alguém nessa pandemia. Vamos esperar por dias melhores sem jamais esquecer essas perdas prematuras.

Um olhar para a cidade e para nós mesmos

Antonio Lima Neto, o autor do primeiro artigo que cito acima, é médico, epidemiologista e coordenador da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza. Ele faz um passeio pela cidade e nos mostra uma realidade que pode até nos passar despercebida, mas que está na nossa cara diariamente. "Passaremos. Não sei o que vai dar certo. Certamente, algo, para alguns. Para outros, dor, sofrimento, saudade, indiferença. Seguir sem, todavia, esquecer". É um alerta sobre tudo que estamos passando.

Tânia Alves é a autora do segundo artigo. Jornalista, sertaneja, mãe e acolhedora, ela nos fala sobre a busca por se aproximar dos amigos olhando pela janela de casa. Mais do que nos fazer pensar sobre o que estamos vivendo, ela nos lembra também que devemos agradecer o que temos e começar a prestar atenção ao nosso redor. Temos vida e um mundo inteiro ao nosso lado. Todo cuidado é pouco. "É bom poder ter janelas em tempo de pandemia. Mais que isso: é um privilégio ter janelas em tempos de isolamento".

Precisamos levar informações ao leitor. Números, dados, entrevistas e análises são essenciais nesse momento para que a gente entenda o que está acontecendo. E, com todo o cuidado, mostrar que vivemos em tempos difíceis e que precisamos olhar ao nosso redor para acolher sempre o outro. Esses dois textos fazem isso muito bem.

Atenção contra as notícias falsas

O cuidado com as notícias falsas que correm as redes sociais é permanente. E precisamos desconfiar de muito do que aparece na Internet. Por segurança. Como meio de comunicação com a credibilidade do O POVO essa atenção deve ser a nossa primeira ação. Antes de pensar na importância de publicar algo com agilidade e ter relevância nas redes, é preciso cautela, checagem e segurança.

No último fim de semana, pecamos por não ter tido esse cuidado. O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) sofreu um acidente no Litoral Oeste do Estado quando passeava de quadriciclo. O fato foi noticiado pelo O POVO. Ainda no sábado, correu pelas redes um vídeo de um homem caindo de um quadriciclo. Nos grupos de WhatsApp, a mensagem era de que se tratava do momento exato do acidente com o senador. Mas não era.

O problema é que o perfil do O POVO no Facebook compartilhou esse vídeo informando que era o momento do acidente. Assim que o erro foi identificado, a postagem foi apagada. Um dos grandes trunfos das redes sociais é a publicação de um fato o mais rapidamente possível. Isso rende engajamento, que é a moeda das redes sociais. Mas, no jornalismo, a checagem deve vir em primeiro lugar. "Todo o conteúdo publicado nas redes sociais do O POVO segue um fluxo de apuração e de checagem dentro da própria redação. A respeito do uso do vídeo, a decisão foi totalmente equivocada e esclareço que ela não foi pautada pela velocidade em dar o registro", explica Glenna Cherice, editora-adjunta de Mídias Sociais do O POVO. "É fato que este tipo de equívoco acende um alerta enorme na equipe de redes sociais para rever este fluxo de checagem, e aumentar os critérios diante de registros via repercussão", enfatiza.

ATENDIMENTO AO LEITOR

DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA, DAS 8H ÀS 14 HORAS

"A Ombudsman tem mandato de 1 ano, podendo ser renovado por acordo entre as partes. Tem status de editora, busca a mediação entre as diversas partes. Entre suas atribuições, faz a crítica das mídias do O POVO, sob a perspectiva da audiência, recebendo, verificando e encaminhando reclamações, sugestões ou elogios. Ela também chefia área editorial focada na experiência do leitor/assinante e que tem como meta manter e ajustar o equilíbrio jornalístico a partir das demandas recebidas e/ou percebidas. Tem estabilidade contratual para o exercício da função. Além da crítica semanal publicada, faz avaliação interna para os profissionais do O POVO".

CONTATOS

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