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Erros de português não podem ser regra
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Juliana Matos Brito é formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Trabalha no O POVO há 20 anos. Atuou como repórter e editora do núcleo Cotidiano, que reunia as áreas de Ceará, Fortaleza, Ciência & Saúde e Esportes. Também foi editora de Audiência e Convergência do Grupo de Comunicação O POVO e editora-executiva do Digital e da editoria de Cidades. Tem especialização em Jornalismo Científico e é mestranda em Ciências da Informação, ambos pela UFC.

Erros de português não podem ser regra

Erros de português ainda são um problema para os jornais. O POVO informa que há conversas regulares com a equipe para minimizar o problema
Tipo Opinião

Erro de português nas páginas do jornal é um problema que deve ser combatido sempre. Principalmente por o jornal ser uma fonte de informação importante. Há um tempo, O POVO chegou a oferecer à Redação cursos de português. É uma ação essencial, educativa e que leva a equipe a se qualificar cada dia mais. Pela agilidade em que precisamos publicar, muitas vezes nos escapa uma revisão mais detalhada. Mas é preciso entender que essa revisão é importante e que deve ser feita com todo o cuidado.

Alguns leitores têm entrado em contato com a ombudsman de forma recorrente para alertar sobre esse problema. "A frase correta é 'Reitores da UFC e Unilab não aderiram à decisão'. Pois é, erros de português, infelizmente, viraram regra nas matérias do jornal. Estou curioso em saber o posicionamento da redação sobre mais essa incorreção", escreveu um leitor. "Quando os erros não são de construção gramatical, têm origem na desatenção. Independentemente disso, são erros", detalha.

Se a quantidade de erros está chamando atenção, é preciso um olhar mais cuidadoso em relação à questão. Oferecer treinamento regular pode ser uma boa saída. O diretor de Jornalismo, Erick Guimarães, explica que a questão dos erros de português é uma preocupação constante do O POVO. "Temos sempre conversas com editores e repórteres para reduzir esses erros. A gente sabe que o erro zero é impossível. Sempre que a ombudsman nos alerta, a gente chama atenção da equipe. Mas isso tem a ver com a própria dinâmica do jornalismo, textos fechados à noite, pressionados pelo tempo, no calor do fechamento. É uma questão que não é só do O POVO, toda imprensa tem. Temos acompanhado com frequência e trabalhado para que esses erros não se repitam", detalha. Acredito que ter treinamento regular pode ser uma saída para minimizar o problema.

Foto meramente ilustrativa deve ser evitada sempre

No último dia 21, publicamos uma matéria sobre um paciente que teve a perna errada amputada em um hospital na Áustria. A matéria está correta, traz as informações necessárias. O problema é que, para ilustrar a reportagem, colocamos uma foto de médicos realizando uma cirurgia aqui em Fortaleza. A foto foi tirada pelo médico Nilfacio Prado durante uma cirurgia exitosa feita na Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac). O médico entrou em contato com a Redação. "Aí tem ninguém mais, ninguém menos que os melhores nomes em medicina fetal do Estado e dois de São Paulo. Isso é muito grave! Ainda diz que a foto é na Meac... O que tem a ver com a notícia, pelo amor de Deus?" O médico tem razão. Não podemos usar uma foto meramente ilustrativa. Se já seria ruim em uma matéria positiva, em uma matéria negativa é pior ainda.

Logo que foi identificado o erro, a foto foi retirada da matéria e o post das redes sociais apagado. Na matéria, foi publicado um erramos: "Por erro, a foto publicada originalmente nesta matéria era de uma cirurgia com médicos da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac). Esses profissionais não têm nenhuma relação com a notícia, que se refere a um erro médico ocorrido na Áustria. O POVO apagou a imagem após tomar ciência do equívoco e pede desculpas aos profissionais e à unidade de saúde".

A assessoria de imprensa da Meac também entrou em contato com a ombudsman para pedir retratação. "O jornal O POVO utilizou, erroneamente, uma foto de cirurgia de correção de mielomeningocele realizada na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand em maio de 2017, para ilustrar a matéria 'Paciente idoso tem perna errada amputada em hospital na Áustria', publicada em 21 de maio de 2021. Na foto, temos os médicos Edson Lucena, Herlânio Costa e Sérgio Cavaleiro (professores, pesquisadores e referências em cirurgia fetal no Brasil), e a menção de outro médico nosso, o anestesiologista e fotógrafo Nilfacio Prado e da sigla Meac nos créditos da foto. Tão logo tomei conhecimento, entrei em contato com o jornal e o post foi imediatamente apagado. Mas já havia estado 10 horas no ar e tido milhares de curtidas e centenas de comentários".

A editora-executiva de Cotidiano, Tânia Alves, admitiu que a imagem de fato foi usada de forma indevida. "Tão logo percebemos o erro, tomamos a providência de deletar a foto. Atualizamos a matéria no online com um pedido de desculpas. É um padrão que nós do O POVO adotamos há alguns anos. Além disso, a editoria entrou em contato com a assessoria da Meac para que ela encaminhasse um pedido formal de desculpas ao médico. O que foi feito. Vamos ainda, na próxima semana, reunir a equipe para tratar especificamente do uso de imagens, que sempre é uma questão delicada", explica.

É preciso ter muito cuidado em relação às imagens publicadas. E, quando não tiver foto específica de uma matéria, é preciso deixar sem foto mesmo. As fotos devem fazer sentido com a matéria. Foi muito importante a Redação ter apagado a foto e publicado um erramos e um pedido de desculpas. Mais que isso, a Redação deve tomar esse fato como aprendizado para que isso não se repita mais.

ATENDIMENTO AO LEITOR

DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA,

DAS 8H ÀS 14 HORAS

"A Ombudsman tem mandato de 1 ano, podendo ser renovado por acordo entre as partes. Tem status de editora, busca a mediação entre as diversas partes. Entre suas atribuições, faz a crítica das mídias do O POVO, sob a perspectiva da audiência, recebendo, verificando e encaminhando reclamações, sugestões ou elogios. Ela também chefia área editorial focada na experiência do leitor/assinante e que tem como meta manter e ajustar o equilíbrio jornalístico a partir das demandas recebidas e/ou percebidas. Tem estabilidade contratual para o exercício da função. Além da crítica semanal publicada, faz avaliação interna para os profissionais do O POVO".

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