Juliana Matos Brito é formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Trabalha no O POVO há 20 anos. Atuou como repórter e editora do núcleo Cotidiano, que reunia as áreas de Ceará, Fortaleza, Ciência & Saúde e Esportes. Também foi editora de Audiência e Convergência do Grupo de Comunicação O POVO e editora-executiva do Digital e da editoria de Cidades. Tem especialização em Jornalismo Científico e é mestranda em Ciências da Informação, ambos pela UFC.
Escolher uma manchete do jornal envolve uma responsabilidade imensa. Trazer um assunto importante para o dia e que traga novas informações ao leitor é essencial
O problema é que O POVO traz, na segunda-feira, isto é, três dias após termos destacado a mudança no novo decreto e detalhado que o ensino médio particular poderia ser presencial, a seguinte manchete: "Ensino médio - Escolas particulares retomam hoje aulas presenciais". Quer dizer, o jornal trouxe como manchete, o assunto principal de sua edição, uma informação que o portal já havia dado desde a sexta-feira anterior e que já havia sido manchete no sábado. O assunto é importante. Minha crítica é destinada à forma como trouxemos. Sem novidade.
No dia seguinte, na terça-feira, dia 15, o assunto voltou à manchete do O POVO: "Educação - Expectativas e medos na volta às aulas presenciais". Desta vez, a Redação trouxe um material robusto com destaque para a diferença entre a realidade do ensino público e particular, como foi o primeiro dia de aula presencial para os alunos mais de um ano após estarem assistindo aula em casa, além de riscos e cuidados nesse novo momento. Neste caso, a meu ver, valeu o investimento. Trouxemos análises, dicas e uma avaliação sobre o início dessa retomada. Avançamos! Ao contrário do dia anterior, quando apenas reproduzimos o que havíamos dados antes.
Aglomerar é errado em qualquer lugar
No domingo passado, o governador Camilo Santana fez um apelo nas redes sociais: "Estamos há 1 ano e 3 meses na luta contra a Covid. Nossos profissionais de saúde estão exaustos. Apesar da melhora nos indicadores, a situação ainda é grave. Como explicar o comportamento de pessoas que insistem em promover aglomerações e ignorar o uso de máscara, como vimos em imagens do fim de semana?". A postagem rendeu matéria no portal, no impresso e editorial.
Estamos em uma grave pandemia onde mais de 21 mil pessoas morreram só no Ceará, segundo boletim do IntegraSUS. Portanto, considero que todas as ferramentas que temos para mostrar à população os cuidados necessários são importantes. Ficar em casa, não se aglomerar e usar máscara são as principais estratégias, enquanto não temos a população amplamente vacinada.
Dentro desse contexto, um leitor mandou mensagem reclamando do tratamento desigual que O POVO acaba dando a informações sobre aglomerações na periferia e em festas de pessoas consideradas mais ricas da Cidade. "Venho incomodado com algumas coisas que estão sendo publicadas nas colunas sociais. Esse tipo de colunismo parece que desconhece a regra de um certo equilíbrio, tratamento justo entre o todo social. A gente faz crítica às aglomerações na periferia da cidade, nas feiras livres, mas, ao mesmo tempo, nas páginas do jornal, você vê um colunismo social que enaltece os encontros nas grandes mansões dos ricos. E isso é divulgado como uma coisa positiva no mesmo jornal que critica, com razão, as aglomerações na periferia. Eu não entendo. É um paradoxo", destacou o leitor em mensagem por WhatsApp.
Concordo com ele. Publicar uma foto com 25 pessoas sem máscara em uma festa em plena pandemia e apenas destacar o motivo da celebração sem fazer críticas à aglomeração é complicado. Ao destacarmos nas colunas sociais o oposto do que a gente prega (em relação aos cuidados necessários na pandemia), levamos o leitor a tirar suas conclusões: "Rico pode se aglomerar. O resto da população, não". A gente também tem uma função educativa. Todo cuidado é pouco.
O editor e colunista Clóvis Holanda explica que as fotos publicadas em sua coluna são de "núcleos familiares nos quais as pessoas já têm uma convivência permanente". "São eventos dentro dos limites liberados pelo decreto estadual, embora muitas vezes, pela produção das pessoas e dos ambientes, pareça ser de algo em maior proporção. Com o avanço da vacinação, as pequenas reuniões voltaram a acontecer e é natural que as colunas tragam estes momentos. Além disso, muitas vezes as pessoas retiram as máscaras só para o registro", explica.
Para ser coerente com os tempos que estamos vivendo, acredito que devemos levar em consideração a crítica do leitor. E lembrar do apelo que o governador Camilo Santana fez no domingo passado: "Não adianta só decretos e fiscalização se não houver consciência das pessoas. Não queremos viver uma 3ª onda. Mas todos precisam colaborar para que isso não aconteça. É preciso consciência! Só assim venceremos de vez a pandemia". Divulgar fotos como se a pandemia já fosse passado não é pedagógico.
ATENDIMENTO AO LEITOR
DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA,
DAS 8H ÀS 14 HORAS
"A Ombudsman tem mandato de 1 ano, podendo ser renovado por acordo entre as partes. Tem status de editora, busca a mediação entre as diversas partes. Entre suas atribuições, faz a crítica das mídias do O POVO, sob a perspectiva da audiência, recebendo, verificando e encaminhando reclamações, sugestões ou elogios. Ela também chefia área editorial focada na experiência do leitor/assinante e que tem como meta manter e ajustar o equilíbrio jornalístico a partir das demandas recebidas e/ou percebidas. Tem estabilidade contratual para o exercício da função. Além da crítica semanal publicada, faz avaliação interna para os profissionais do O POVO".
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