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Pandora, Nobel da Paz e jornalismo de dados
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Juliana Matos Brito é formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Trabalha no O POVO há 20 anos. Atuou como repórter e editora do núcleo Cotidiano, que reunia as áreas de Ceará, Fortaleza, Ciência & Saúde e Esportes. Também foi editora de Audiência e Convergência do Grupo de Comunicação O POVO e editora-executiva do Digital e da editoria de Cidades. Tem especialização em Jornalismo Científico e é mestranda em Ciências da Informação, ambos pela UFC.

Pandora, Nobel da Paz e jornalismo de dados

Semana que começou com o Pandora Papers e terminou com o Nobel da Paz para dois jornalistas mostra a força e importância do jornalismo sério, comprometido e investigativo para a humanidade
Tipo Análise
Os jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitry Andreyevich Muratov, da Rússia, ganharam o prêmio Nobel da Paz 2021 "pelo esforço para proteger a liberdade de expressão" (Foto: Reprodução)
Foto: Reprodução Os jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitry Andreyevich Muratov, da Rússia, ganharam o prêmio Nobel da Paz 2021 "pelo esforço para proteger a liberdade de expressão"

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A semana que passou nos mostrou, mais uma vez, a importância do jornalismo para a sociedade. Ainda no domingo, dia 3, Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, sigle em inglês) divulgou em todo o mundo dados sobre 330 pessoas, principalmente políticos e funcionários públicos, de 90 países que possuem trilhões de dólares em paraísos fiscais. Foram dois anos de investigação, 12 milhões de documentos vazados, 600 profissionais envolvidos na apuração dos fatos. No Brasil, o projeto contou com a participação da Revista Piauí e dos sites Poder360, Metrópoles e Agência Pública. Após a publicação inicial, diversos veículos brasileiros, assim como O POVO, replicaram as informações.

Um imenso esforço jornalístico para trazer dados importantes para todas as pessoas do planeta. No Brasil, ficamos sabendo que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, possuíam investimento em paraísos fiscais. A defesa do ministro informou apenas que a empresa aberta estava declarada à Receita Federal. Mas ainda não falou nada sobre o ganho que teve no período com a desvalorização do Real frente ao Dólar (avaliado em R$ 14 mil por dia). Agora, os dois foram convocados ao Congresso para falar sobre o assunto. São dois personagens do Governo responsáveis pelas principais decisões econômicas do País. O caso é gravíssimo.

Na editoria de Política, publicamos matéria ainda na segunda-feira, destacando a investigação do Consórcio Internacional. Na terça-feira, continuamos no assunto tratando sobre a investigação iniciada pela Procuradoria Geral da República (PGR). Na quarta, o destaque foi maior: manchete do jornal informava sobre a convocação de Guedes na Câmara para explicar a situação. Na quinta, não tivemos matéria sobre o assunto. Mas os colunistas Guálter George e Plínio Bortolotti trouxeram textos na edição com análise sobre o assunto. Na sexta, o assunto sumiu da edição impressa. Um fato tão grave como esse deve ser noticiado à exaustão. Não dá para acharmos natural e ficar por isso mesmo. O Pandora Papers, como é chamada a investigação, é definido pelo ICIJ como a maior investigação da história do jornalismo que expõe um sistema financeiro paralelo que beneficia os mais ricos e poderosos do mundo. Um esforço dessa magnitude não pode ser esquecido ou escondido. É preciso lançar luz sempre. É o nosso papel.

Nobel da Paz para jornalistas

Para fechar a semana com grandes notícias para o jornalismo, amanhecemos a sexta-feira com a informação de que os jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitry Andreyevich Muratov, da Rússia, ganharam o prêmio Nobel da Paz de 2021. Eles foram escolhidos pelo "esforço para proteger a liberdade de expressão". Em tempos em que a imprensa e a democracia são rotineiramente atacados, essa escolha deve ser celebrada. Nunca tivemos tanto a certeza da importância do jornalismo para o planeta. É como se cada jornalista do mundo fosse também homenageado. É com esse sentimento que fico: nossa função é primordial para a democracia e para a paz.

Uma correção necessária

Na coluna da semana passada, equivocadamente, informei que o DataDoc, área responsável pelo jornalismo de dados do O POVO, teria feito apenas a primeira parte da reportagem sobre os 1.000 Dias de Bolsonaro no Governo. A jornalista Thays Lavor, editora-chefe e jornalista de dados, me explicou que, na verdade, a área é responsável por toda a concepção, coordenação e produção do especial, desde as pautas, edição, metodologia e transparência. "Mas o projeto só foi possível também porque contamos com a parceria das editorias de Política, Economia, Cotidiano, OP e Cultura, que nos cederam os repórteres que assinam os capítulos. Em cada capítulo, o DataDoc, além de editar, também colaborou com as análises e visualizações de dados. Também acompanhamos o processo das infografias para o impresso", detalha. Ela explica ainda que o material começou a ser publicado ainda em agosto. O primeiro foi a votação das charges que melhor representavam o governo Bolsonaro.

Depois, foi publicada uma matéria geral sobre os 1.000 dias (Bolsonaro em 1000 dias - Rejeitado, armado e perigoso à democracia). E, sem seguida, o episódios 1 (política, dia 28/9), 2 (Economia, dia 1º/10) e 3 (Pandemia, dia 5/10). Mais dois episódios devem ser publicados até a próxima terça-feira, fechando a produção sobre os 1.000 dias de Bolsonaro. Explico aqui mais detalhadamente pois considero um grande esforço jornalístico que deve ser claramente entendido pelo leitor. E dou o crédito à editoria que vem realizando um belíssimo e decisivo trabalho relacionado à análise de dados.

ATENDIMENTO AO LEITOR

DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA, DAS 8H ÀS 14 HORAS

“A Ombudsman tem mandato de 1 ano, podendo ser renovado por acordo entre as partes. Tem status de editora, busca a mediação entre as diversas partes. Entre suas atribuições, faz a crítica das mídias do O POVO, sob a perspectiva da audiência, recebendo, verificando e encaminhando reclamações, sugestões ou elogios. Ela também chefia área editorial focada na experiência do leitor/assinante e que tem como meta manter e ajustar o equilíbrio jornalístico a partir das demandas recebidas e/ou percebidas. Tem estabilidade contratual para o exercício da função. Além da crítica semanal publicada, faz avaliação interna para os profissionais do O POVO”.

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