Coordenador da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília, cientista político, mestre em Ação Política pela Universidade Rey Juan Carlos (2007), diretor-executivo do Interlegis do Senado Federal. Analisa o cenário político nacional, a partir de um merguilh0op mais profundo nas causas e efeitos.
Assim, não me parece que seja surpresa um resgate de programas que tiveram êxito no passado. Ao contrário, é indicado que sejam relançados, uma vez que este foi o desejo expresso pelas urnas
O governo Lula tem sido muito criticado nos últimos dias por ser uma reinvenção de si mesmo, relançando projetos dos seus dois primeiros mandatos como presidente. A lista é extensa e vai desde o Bolsa Família, passando pelo Pronasci, chegando em outros de caráter popular, como Minha Casa, Minha Vida e também o Mais Médicos.
Sem dúvida os primeiros meses do governo Lula tiveram esse caráter, mas a pergunta que fica é: seria possível esperar algo diferente disso neste período inicial?
Lula comanda um governo de reconstrução, ou seja, seu mandato tem um claro recado do eleitorado: resgate de caminhos que foram abandonados. Isto foi decidido pela maioria do povo brasileiro que optou por uma mudança de rumo.
Assim, não me parece que seja surpresa um resgate de programas que tiveram êxito no passado. Ao contrário, é indicado que sejam relançados, uma vez que este foi o desejo expresso pelas urnas.
Isto era o que se esperava destes cem dias. A partir deste marco é que se almejam novas ideias e projetos em cima de caminhos de reconstrução, porém cobrar o governo por grandes guinadas nestes meses é inclusive contraproducente, especialmente para os conservadores que, buscam mudanças lentas, graduais e prudentes. O governo Lula começou pela reconstrução, para depois trilhar o caminho da inovação.
Vale lembrar que o governo Bolsonaro tampouco apresentou inovação, mas preferiu o caminho de afrouxar regras e contrapartidas de programas sociais, rebatizando-os com novas marcas. Minha Casa, Minha Vida tornou-se Casa Verde Amarela, Bolsa Família transformou-se em Auxílio Brasil e o PAC virou o Pró-Brasil.
Ao retomar os programas sociais rebatizados por Bolsonaro, Lula procurou, além de resgatar os nomes originais, retomar os seus princípios, regras e contrapartidas, essenciais inclusive para que programas sociais tenham também porta de saída.
Além disso, o Brasil resgatou praticamente todo o Ministério da Saúde, dilapidado nos últimos anos pela rejeição ao programa de vacinação e à ciência como um todo. Também houve o retorno do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional(Consea), extinto em 2019, e restituição da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan). No Meio Ambiente, reativação do Fundo Amazônia, parado desde 2019 e aumento na fiscalização contra garimpos ilegais.
Na economia há o grande avanço da âncora fiscal em uma gestão em que se apostava pura e simplesmente pelo avanço de uma política expansionista. Há um compromisso do governo com a disciplina fiscal em um modelo desenhado claramente para trazer ao país equilíbrio das contas públicas sem descuidar de políticas sociais.
O Brasil, se quiser avançar em agendas importantes precisa, antes de tudo, encontrar o seu mecanismo de equilíbrio. É isto que a economia tem entregado.
O brasileiro precisa abandonar o maniqueísmo e a polarização, partindo para uma postura madura de engajamento em políticas favoráveis ao país, sejam de um governo de esquerda ou de direita. Enquanto o Brasil for refém de um duelo ideológico vazio, não haverá chance de sucesso.
Para além de lacração, o país precisa de trabalho, políticas sérias e equilibradas, fundamentais para o sucesso de nossa nação, sem abandonar aqueles que mais precisam à sua própria sorte. n
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