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A Sudene busca sair do respirador
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Jornalista, colunista de Economia da rádio O POVO/CBN; Coordenador de Projetos Especiais do Grupo O POVO DE COMUNICAÇÃO; Co-Autor do livro '50 Anos de Desenvolvimento Industrial do Ceará' e autor dos 'Diálogos Empresariais', dois livros reunindo depoimentos de líderes empreendedores do Estado do Ceará

A Sudene busca sair do respirador

O superintendente do órgão reconhece que o FNE tem sido instrumento concentrador de renda, e que o órgão foi ausente no debate e criação do Consórcio dos Governadores do Nordeste. Está trabalhando para as coisas melhorarem. Um bom sinal
Tipo Opinião
EVALDO Cruz assumiu a Sudene na 1ª quinzena de março (Foto: Reprodução)
Foto: Reprodução EVALDO Cruz assumiu a Sudene na 1ª quinzena de março

Ontem entrevistei o Superintendente da Sudene, Evaldo Cruz Neto, nos Debates do Povo, comandado por Marcos Tardin.

Para muitos, o órgão já havia morrido de inanição. Ou de tédio. No inicio dos anos 1960, o órgão articulou, com Celso Furtado, seu inspirador, a industrialização e o planejamento regional.

As reuniões do Conselho Deliberativo eram o assunto mais importante da mídia conterrânea - mesmo com os generais e coronéis que dirigiram o órgão no governo dos militares - pelo fato de liberar milhões para projetos públicos e privados, sob o olhar atento de governadores e empresários.

Essa combinação sempre perigosa do público com o privado levou a conluios que infelizmente arrastaram a Sudene para o terreno movediço da corrupção. Até ser extinta no governo Fernando Henrique e recriada por Lula.

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Dependente do Congresso para as suas funções mais elementares, como executar o Planejamento Plurianual de Desenvolvimento Regional, cisca oportunidades para poder atuar com eficiência no combate aos teimosos índices de miséria do Nordeste, financiando investimentos com recursos do FNE.

O superintendente Evaldo, paraibano de 34 anos, deixou a impressão, na entrevista, de que pisa como gestor no fértil terreno da franqueza. Não teve o medo de reconhecer as dificuldades enfrentadas para superar os imensos desafios estruturais da região, muito comum em gestores públicos.

Reconhece que o FNE tem sido instrumento concentrador de renda, e que o órgão foi ausente no debate e criação do Consórcio dos Governadores do Nordeste. Está trabalhando para as coisas melhorarem. Um bom sinal.

Sindialgodão: 50 anos bicudos

A Federação das Indústrias do Estado do Ceará comemora os 50 anos do Sindialgodão, que reinou nos anos 1970 do século passado na economia industrial do Ceará, por força da liderança nacional do Estado na produção e industrialização do "ouro branco", como era chamado.

Dezenas de indústrias de descaroçamento operavam nos municípios do Ceará, para atender a produção de até 180 mil toneladas/ano. Nossa forte indústria têxtil operava tecendo o excelente algodão cultivado pelos nossos produtores. Uma cadeia produtiva valiosa.

Tudo veio abaixo a partir dos anos 1980, com a praga do bicudo zerando a produção rural e sucateando a indústria. Durante trinta anos a cultura ficou na escuridão por descrença e falta de atuação do governo estadual. Foi o empresário Luiz Girão quem fez renascer o algodão do Ceará, experimentando nos anos 2000 o plantio de algodão irrigado. Foi uma produção "milagrosa", com elevadíssima produtividade.

A Agência de Desenvolvimento Agrário do Estado, à frente Euvaldo Bringel, rearticulou produtores, Sebrae, Senar e Embrapa e acreditou no recomeço da cultura, agora imune ao bicudo graças à tecnologia das sementes e cultivo.

A iniciativa avança, com duas correntes de produção: a do Governo do Estado, que acredita em produção intensiva, com sementes transgênicas e emprego de defensivos agrícolas, e outra, que dissemina a ideia da Agroecologia entre os produtores, em parceria com instituições ambientais.

Um processo de baixa produtividade, todavia com manejo que verticaliza a defesa do meio ambiente, promove a agricultura solidária, a saúde humana e ambiental e exclui o uso de agrotóxicos. Quem sabe, o agronegócio que sobreviverá nos próximos 50 anos do Sindialgodão.

A produção cearense de pluma do "ouro branco" ronda atualmente 7 mil toneladas.

 

 

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