O presidente da Federação das Indústrias (Fiec), Ricardo Cavalcante, voltou otimista de Brasília. Um dos assuntos tratados pela comitiva de empresários cearenses, e que esteve reunida com ministros do governo de Jair Bolsonaro, foi a questão do crédito.

Ocorreram dois acenos positivos sobre a questão. O primeiro é sobre a chegada de mais recursos para o financiamento das empresas: desde o início dos programas do Governo Federal de combate à pandemia de coronavírus até agora, foram repassados, somente para o Ceará, mais de R$ 400 milhões. Embora o volume seja considerável, ele ainda não chegou na ponta como deveria acontecer. A promessa é de que isso ocorra agora.

Há outro pleito dos empresários na área de crédito com possibilidade de ser atendido agora, que é o segundo aceno positivo: trata-se da repactuação de juros do Banco do Nordeste. O assunto foi discutido com os ministros Rogério Marinho e Paulo Guedes.

A questão é a seguinte: quem contratou crédito pelo BNB antes de 2018 pelo Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) conseguiu taxas competitivas para o mercado na época. A questão é que o cenário mudou: os contratos fechados em 2017 apresentam juros entre 9% e 11% ao ano, enquanto as taxas atuais estão em 3,8%.

 

Taxas

"DIFERENÇAS ABISMAIS"

Ricardo Cavalcante ressalta que as diferenças de juros entre os contratos mais antigos e os atuais, dentro das linhas do BNB, é abismal. "As diferenças podem deixar as empresas insolúveis", reforça. O pleito dos empresários cearenses já havia sido encaminhado anteriormente e está sendo examinado. A esperança é que a mudança ocorra no menor tempo possível.

Governo 1

REFORÇO NA INFRAESTRUTURA

A aproximação dos empresários locais com o Governo Federal renovou as esperanças das principais entidades do setor produtivo sobre a conclusão de obras de infraestrutura. A promessa é de finalizações do Anel Viário, no primeiro semestre de 2021; e da duplicação da BR-222, entre os quilômetros zero e 35. Os recursos para a duplicação da BR-116 também devem entrar no orçamento do ano que vem.

Governo 2

RETORNO PELA CONSTRUÇÃO

O ministro Paulo Guedes também animou a comitiva cearense com o anúncio de que a construção civil será a mola para alavancar a economia no País. Vale lembrar que, dos 40 sindicatos da Fiec, 23 são vinculados ao segmento.

Reforma

CONTA PARA O CONSUMIDOR

Há uma preocupação especial dos empresários cearenses com a reforma tributária. A Fiec criou uma comissão especial para medir a possibilidade de impacto para os setores da economia com as propostas que estão sendo discutidas. Essa é uma conta que ainda está sendo feita, mas sobrará para o consumidor caso haja elevação da carga de impostos.

Comércio

QUEDA MENOR NAS VENDAS

Os consumidores estão circulando e comprando mais. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) percebeu a mudança e já prevê uma queda menor no volume de vendas de 2020. Pelos cálculos da entidade, a retração será de 6,9%, e não de 9,2% como havia sido anunciado. Esse é o resultado da flexibilização do isolamento social e do "coronavoucher", como tem sido chamado o auxílio emergencial de R$ 600.

Debandada

PROBLEMAS SÓ NA PRIVATIZAÇÃO?

A debandada da equipe do ministro Paulo Guedes foi atribuída por ele a dificuldades na realização de projetos como a privatização. E fica a pergunta: quem pensou que seria fácil, principalmente diante de uma pandemia?

As razões reais, parece que começaram a ficar mais claras ontem: uma das questões passa pelo valor do teto de gastos, que fere o projeto da equipe montada por Guedes.