Logo O POVO+
Pandemia com PPI na saúde?
Foto de Neila Fontenele
clique para exibir bio do colunista

Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.

Pandemia com PPI na saúde?

Tipo Opinião
JAIR BOLSONARO CAPA (Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República)
Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República JAIR BOLSONARO CAPA

O decreto 10.530, assinado no começo da semana pelo presidente Jair Bolsonaro, caso tivesse sido mantido, abriria um grande retrocesso no processo de universalização da saúde brasileira. Felizmente o governo recuou, mas a possibilidade de repasse para a iniciativa privada das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) poderia ter um único significado: a criação de mais dificuldades de acesso aos programas de assistência médica. Lançar uma proposta de estudos para implantar um Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Presidência da República em meio a uma pandemia é quase como anunciar a possibilidade de ruptura do Sistema Único de Saúde (SUS), que ainda precisa ser melhorado.

A pandemia gerou uma demanda maior por saúde e a evasão em alguns planos privados. Com o desemprego, muita gente teve de deixar a rede de assistência dos planos e passou a utilizar apenas o SUS, com algumas consultas e exames pagos em clínicas populares.

É no mínimo inadequado lançar, neste momento, uma proposta como essa; é retirar o Estado no que deve ser o seu papel básico, de garantir saúde a todos os cidadãos. Existem coisas mais importantes para o governo lançar estudos, como o aprimoramento dos serviços em um momento como este. 

Leia também |

Entenda a polêmica por trás do decreto que prevê a privatização do SUS, revogado um dia após ser publicado

Após repercussão negativa, Bolsonaro vai revogar decreto que permite parcerias privadas no SUS

Documentário

O DRAMA DA SAÚDE

Quem assistiu ao documentário "Sicko: SOS Saúde", dirigido por Michael Moore, realizado em 2007, conseguiu ver um pouco do drama de cidadãos norte-americanos que dependem apenas dos planos privados de assistência à saúde. Mesmo com uma renda superior à brasileira, os norte-americanos têm dificuldade de pagar e de ter atendimento em casos de doenças como o câncer.

O caso brasileiro, cujo filme não contempla, certamente está no meio do caminho. O SUS, criado pela Constituição de 1988, é muito mais evoluído do que o que existe nos Estados Unidos e ainda está longe do que acontece em países como Canadá, Cuba, França e Inglaterra. O sistema privado também está no meio do caminho; há ainda muita judicialização do atendimento, mas existe também um importante serviço do setor.

No caso do SUS, ele representa um retrato de uma luta social contra a desigualdade, através da universalidade dos serviços de assistência à saúde e de uma tentativa de equidade no atendimento. Há muito para melhorar, mas certamente é uma das grandes conquistas brasileiras.

Covid-19

PREOCUPAÇÃO COM A CRISE FISCAL

O cenário brasileiro tem despertado mais preocupações. Enquanto a França anuncia um novo lockdown, o governo alemão destaca ajuda extra de até 10 bilhões de euros para empresas que forem afetadas por um novo isolamento. No Brasil, estamos na primeira onda da Covid-19 e o governo apresenta uma situação fiscal preocupante. O Fundo Monetário Internacional já fez o alerta: o País é considerado o pior no ranking dos emergentes no quesito "desempenho fiscal". Enfim, o governo terá de dizer o que é realmente prioridade neste momento. E será que o país terá recursos para enfrentar uma segunda onda de Covid-19?

O lançamento do decreto 10.530 do presidente Jair Bolsonaro deixa subtendido que o Governo Federal não está interessado em manter essa conta da saúde, que deveria ser considerada um investimento inquestionável.

Majo Campos
Foto: Divulgação
Majo Campos

Hapvida

NOVA VP DE GESTÃO DE PESSOAS

O Sistema Hapvida anunciou ontem a chegada da executiva Majo Campos, no cargo de vice-presidente da área de Gente, Gestão de Pessoas e Diversidade. O Hapvida investiu R$ 167 milhões somente no primeiro semestre, incluindo infraestrutura e novos hospitais que devem ser inaugurados até 2021. A operadora anunciou que pretende manter o ritmo de crescimento, mantendo os principais aspectos de governança.

Selic

APOSTA NA ALTA EM 2021

Ontem, o câmbio teve um pico de estresse diante dos riscos nacionais e internacionais, fechando com a moeda norte-americano a R$ 5,76 depois da intervenção do Banco Central. A bolsa de valores caiu 4,25%. Mesmo diante desta situação, o Copom manteve a Selic em 2%. A grande pergunta é: até quando?

A aposta de alguns bancos é que essa trajetória de baixa nas taxas será revertida em 2021.

 

Foto do Neila Fontenele

Trago para você o fato econômico e seu alcance na vida comum do dia a dia. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?