O mercado de capitais tem crescido, mas também tem sofrido com a inadimplência. Esta semana, a B3 divulgou uma lista de 37 páginas com aproximadamente 1.500 nomes de pessoas que não estão pagando os seus contratos de compra.

A circular foi disponibilizada para as corretoras que apresentam comitês para avaliar o assunto. Os processos ocorrem de forma semelhante ao Banco Central, não sendo permitido a divulgação dos nomes dos maus pagadores.

Apesar disso, corre o sinal de alerta: caindo o score do comprador, as movimentações no mercado tornam-se mais difíceis. As pessoas físicas são os destaques dessas listas de inadimplentes. Analistas destacam que a maioria dos devedores opera alavancada, tomando crédito ou pedindo recursos emprestados até para amigos.

Nestes grupos, estariam principalmente traders (pessoas que realizam transações) que realizam compra de dólar e de índices, e que trabalham com base na especulação. Algumas corretoras já realizam bloqueios para evitar os clientes de grandes perdas patrimoniais. Normalmente, nesses casos, o mercado é mais rápido do que os processos.

A B3 já apresentou mais de 40 listas somente este ano. A desta semana foi a maior, o que mostra a elevação dos problemas; profissionais do mercado consultados pela coluna dizem que esse movimento não representa uma bolha prestes a estourar, mas é consequência da elevação do número de CPFs (já são mais de três milhões cadastrados no sistema).

O mercado de capitais oferece grandes possibilidades, principalmente em um momento em que os juros estão baixos, mas não é um espaço para amadores, sendo necessária uma orientação de profissionais. Muita gente tem se aventurado por caminhos que não conhece, elevando os riscos.

No histórico da bolsa, relatos de grandes resultados financeiros e de catástrofes são comuns. Um dos exemplos mais marcantes desse tipo de desastre ocorreu no final da década de 1980, com o caso Naji Nahas, acusado de manipular o mercado, o que resultou na quebra da Bolsa do Rio de Janeiro.

A situação atual, pelo que tudo indica, está longe do que ocorreu no passado, mas cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

BATE-PRONTO

Ricardo Cavalcante, presidente eleito da Fiec

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, Ricardo Cavalcante, fez uma rápida análise sobre as perspectivas para o próximo semestre. Confira:

Como o senhor analisa as perspectivas da indústria cearense para o segundo semestre?

Ricardo Cavalcante - A indústria cearense, em 2020, foi muito afetada com as medidas de restrições e isolamento. Ela vinha frágil: de 2014 a 2016, tivemos a maior recessão da história do Brasil; de 2017 a 2019, contamos com um crescimento anual de aproximadamente 1% ao ano. Devido à pandemia, muitos setores não mediram esforços para ultrapassá-la e passaram por processos de reestruturação, de melhorias no foco de negócios, e, com isso, de ganhos de produtividade, além do apoio de algumas linhas de créditos direcionadas à recuperação delas. Em 2021, o setor começa a apresentar um melhor resultado: estamos normalizando as cadeias de logística, de suprimento e de fornecimentos aos nossos clientes e, com isso, temos perspectiva positiva para o segundo semestre. Essa melhora é ancorada também pela esperada aceleração do ritmo da vacinação, o que possibilitará o crescimento da produção industrial em cerca de 10%, além do avanço das exportações e da geração de emprego. Obviamente, parte desse crescimento ocorre pela baixa base de comparação; neste sentido, a implementação das reformas tributária e administrativa, e da agenda de redução do custo Brasil são essenciais para conduzir o país a uma jornada de crescimento sustentável.

O setor tem apresentado perdas em todo o Brasil. Há uma estratégia local na tentativa de recuperação?

RC - A recuperação da indústria cearense, pós-pandemia, é dividida em dois eixos. No primeiro, de curto prazo, precisamos criar um suporte mais forte para o capital de giro das empresas e promover a articulação política para aprovar as reformas tributária (com a simplificação e redução da taxa tributária) e administrativa, tornando o poder público mais ágil. No segundo, de longo prazo, a Fiec possui a Plataforma para o Desenvolvimento Industrial, com planos estratégicos que vão nortear a mudança de patamar de nossos desenvolvimento e produtividade para os próximos anos, onde inovação, internacionalização e diversificação da estrutura de capital são molas mestras para que a indústria local se integre de forma competitiva ao mercado mundial, melhorando sua posição estratégica.

DIA DOS NAMORADOS

As classes C e D devem ajudar a movimentar o comércio neste Dia dos Namorados. Pela pesquisa da Superdigital (fintech do Santander), 84% dos consumidores com esse perfil pretendem comemorar a data. A faixa de preço dos presentes está entre R$ 50 e R$ 100, mas vale lembrar que são dois presentes. A instituição acredita em um possível aquecimento do varejo, assim como foi em maio com o Dia das Mães.

Bohemia

VILA PARA AJUDAR OS PEQUENOS

A Bohemia lançou uma vila gastronômica para ajudar pequenos comerciantes cearenses a faturarem no São João. A estrutura foi montada na Avenida Monsenhor Tabosa, na praia de Iracema. Além do espaço presencial, os pedidos poderão ser feitos pelo Zé Delivery ou no formato drive-thru durante todos os finais de semana de Junho.

Inflação

SALTO DE 8%

A inflação no país deu um salto de 8% nos últimos 12 meses. A previsão é de que não deve ser cumprida a meta do Banco Central. O aumento dos preços representa um sinal de alerta: mesmo com a previsão de crescimento do PIB de 4% para 2021, temos uma conjuntura de alto desemprego. Portanto, os sinais levam a um cenário de cautela para o próximo semestre.

Breves

ENERGIA SOLAR - A geração de energia solar pode evitar o acionamento de usinas termelétricas. A avaliação é do gerente comercial da Sou Energy, Mário Viana. Ou seja: há uma necessidade de ampliação das energias renováveis.

LUA DE MEL - Os hotéis também resolveram investir no Dia dos Namorados. O Gran Marquise, por exemplo, apresenta um cardápio de alta gastronomia e de lua de mel completa para quem assim desejar. Foram lançados pacotes com hospedagem romântica e jantar a dois, com menu criado pelo chef-executivo do Hotel, Edilson Araújo.

HOMESCHOOLING -O deputado estadual Acrísio Sena (PT) está acompanhando e debatendo, com a comunidade escolar, o Projeto de Lei 3262/19, que descriminaliza a prática da educação domiciliar. A proposta foi pautada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. "Precisamos ficar atentos para evitar mais um retrocesso", ressalta.

Topfive startups

DICAS

O diretor de Marketing do BS Innovation Hub, Marcus Vinicius, apresenta cinco dicas para quem quer estruturar uma startup. Destinado ao desenvolvimento de projetos de inovação, o BS possui oito empresas em processo de aceleração, devendo ser aberto um novo edital em outubro.

• Identificar um problema, uma dor de um segmento no mercado
• Gerar ideias de como solucionar essa dor utilizando tecnologia
• Pensar em um modelo de negócio para essa ideia, no qual as pessoas aceitem pagar de forma recorrente por essa solução
• Montar um time que acredite no proposito do seu negócio
• Não fazer isso sozinho; tenha sócios e investidores, pessoas que acreditem e aceitem entrar no risco com você.