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BATE-PRONTO
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Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.

BATE-PRONTO

Márcio Pochmann (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Márcio Pochmann

O ministro Paulo Guedes não se conteve mais uma vez: repassou a responsabilidade da fome para a classe média: culpou o desperdício dos que têm comida pela falta de alimento dos necessitados, que poderiam ser alimentados com os seus restos...

As palavras de Guedes deixam claro como não existe nem visão, nem estratégia governamental, para enfrentar o drama de 19 milhões de brasileiros. Trata-se de um olhar atravessado para o problema. Embora o desperdício deva ser contido, não são ações restritas a ele que solucionarão a miséria: é preciso uma ação forte do governo para geração de emprego e renda. Como economista, o ministro deveria saber disso, mas a miopia governamental impera; a política está voltada para outros interesses e os olhos para fora do país.

Um exemplo claro disso foi a constrangedora votação da Medida Provisória, que viabiliza a privatização da Eletrobras, e incluiu a obrigatoriedade da contratação de termelétricas a gás e de pequenas centrais hidrelétricas, e a prorrogação, por mais 20 anos, dos contratos com usinas construídas com recursos do Proinfra. Os bastidores dessas negociações foram chamados de "xepa energética" pelo senador Jean-Paul (PT-RN). Do Ceará, apenas o senador Eduardo Girão (Podemos) aprovou a urgência; Tasso Jereissati (PSDB) e Cid Gomes (PDT) se posicionaram contra a urgência do projeto, tamanho o constrangimento diante da falta de discussão em cima do que foi posto no projeto. Existem alertas de profissionais da área de energia sobre o futuro impacto desses penduricalhos nas contas de energia.

Infelizmente, para o governo, parece que ele nada tem a ver com a busca de soluções pertinentes para a fome e a crise energética.

Fyber

PARCERIA COM BUGUEIROS

Está sendo desenhada uma parceria entre a Fyber e a prefeitura de Paracuru para o fomento do turismo. Já houve reunião entre o vice-presidente da fábrica de buggy, Jeffrey Stone, e a vice-prefeita de Paracuru, Rachel Vieira, para o alinhamento do projeto, que pretende envolver a classe dos bugueiros. Vale lembrar: a nova fábrica da Fyber, em construção naquele município, pretende incentivar os bugueiros em todo o estado do Ceará.

Livro

SOCIEDADE PALIATIVA

Como lidamos com a dor? Em uma sociedade medicalizada, passamos a tratar o sofrimento através de um processo de negação e com um excesso de positividade. Para o filósofo coreano Byung-Chul Han, criamos uma sociedade paliativa do curtir, onde o like é o analgésico do presente, dominando não apenas as mídias sociais, mas a cultura. No livro "Sociedade Paliativa: a dor hoje", o autor lembra que quem deseja eliminar a dor terá de eliminar a morte, e nos convoca para um momento de consciência em relação à realidade. Leitura rápida e prazerosa sobre assuntos difíceis.

BATE-PRONTO

O economista, professor e pesquisador Márcio Pochmann, em entrevista ao Guia Econômico da Rádio O POVO/CBN, fez uma análise sobre crescimento econômico e o seu descompasso com a geração de emprego. Confira:

No primeiro trimestre de 2021, em relação a 2020, o que mudou na sua percepção? Há possibilidade de melhoras para o próximo semestre?

Márcio Pochmann - Houve um certo paradoxo entre o desempenho da atividade econômica no primeiro trimestre, que para o IBGE cresceu 1,2% (a economia como um todo). Um bom resultado, tendo em vista os indicadores antecedentes e informações mensais que apontavam para um decréscimo, senão próximo a zero. O resultado foi realmente bastante interessante e importante, apontando a possibilidade de recuperação econômica. Estamos há pelo menos seis anos sem saber o que é crescimento econômico. Já estávamos antes da pandemia, em 2019, com atividade econômica abaixo de 3% do que era em 2014 e, em 2020, tivemos outro tombo: a economia caiu 4,1%, encolheu, e iniciamos com o País cerca de 7% menor do que era em 2014. Esse primeiro trimestre me parece importante e positivo, mas precisamos olhar com mais cuidado. Quando se compara com o desempenho do mercado de trabalho, não se percebe essa mesma melhora.

Algum dado está errado?

MP - Não me parece, necessariamente. Em primeiro lugar, essa expansão em torno de 1,2% no primeiro trimestre do ano talvez reflita muito mais no movimento de estoques. Empresas recompuseram estoques que foram lentamente esvaziados no ano passado, já que não havia atividade econômica, a renda caiu, e esse estoque foi sendo diminuído, e hoje, como as empresas não trabalham mais com estoques, os fabricantes recompuseram os produtos na expectativa de que haverá demanda. Portanto, essa recomposição de estoque não impactou no emprego, porque esse estoque aumentou planejadamente, não tendo impacto direto no comportamento do emprego para melhor. Se a economia voltar a crescer de fato, aí sim, teremos a possibilidade de crescimento do emprego também.

Que mercado de trabalho é esse? Voltaremos com o emprego mais frágil?

MP - Temos pelo menos seis anos sem crescimento econômico. Sem uma expansão econômica sustentada, é difícil o empresário ser estimulado a contratar o trabalhador, porque não vê demanda para a sua produção, salvo alguns setores - mas de um modo geral essa é a dificuldade. Ele também não pode contar com a fortaleza da orientação governamental. O governo não diz que vai fazer o crescimento através de tais e tais iniciativas. Estamos vivendo um momento em que a expectativa é de que o setor privado seja espontaneamente o condutor da economia, e não o estado.

Comércio com maior intenção de contratar

Os empresários do comércio demonstram mais confiança na recuperação da economia. Pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), neste mês, mostra uma variação positiva do Índice de Confiança do Empresário (Icec), que variou 12,2% em relação a maio último. As intenções de contratar e investir também subiram, atingindo 14,1%. De fevereiro até maio, esses indicadores foram negativos ou próximos a zero, mostrando uma maior intenção em demitir do que em gerar novos empregos àquela época (ver gráfico).

breves

POTENCIAL DA IBIAPABA Ceará possui um mapa de oportunidades nas áreas de energia solar e eólica. Segundo o coordenador de Energia da Federação das Indústrias, Joaquim Rolim, uma das regiões mais promissoras do estado é a da Serra da Ibiapaba, com grande potencial para parques híbridos (eólicos e solares, se funcionando de forma compartilhada).

CRESCIMENTO DO LUCRO- A Aeris Energy registrou lucro líquido de R$ 23 milhões no primeiro trimestre de 2021, 38,8% superior ao mesmo período do ano passado. A empresa, localizada em Caucaia, lidera a produção de pás eólicas. Em 2020, ela produziu cerca de 9.500 pás, o que potencializa um total de 4.456,1 MW de energia.

OPORTUNIDADE- A área de tecnologia da informação tem oferecido oportunidades para jovens no interior do Ceará. O secretário-executivo de serviços, comércio e inovação da Sedet, Júlio Cavalcante, informa que tem empresa pagando de R$ 3 a R$ 15 mil para estagiários da área. A busca das empresas por profissionais, segundo ele, é intensa, mas falta gente preparada para assumir os postos de trabalho.

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