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Fortaleza me negou a vacina
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Neivia Justa, jornalista, empreendedora, palestrante, mentora, professora, fundadora e líder da JustaCausa, com 30 anos de experiência como líder de Comunicação, Cultura, Diversidade, Equidade e Inclusão em empresas como Natura, GE, Goodyear e J&J. Criadora do programa #LíderComNeivia e dos movimentos #OndeEstãoAsMulheres e #AquiEstãoAsMulheres, foi a vencedora do Troféu Mulher Imprensa e do Prêmio Aberje 2017 e, em 2018, foi eleita uma das Top Voices do Linkedin Brasil.

Fortaleza me negou a vacina

Tipo Opinião
Neivia Justa, jornalista, executiva e criadora do movimento #ondestãoasmulheres (Foto: Monica Zanon/Divulgação)
Foto: Monica Zanon/Divulgação Neivia Justa, jornalista, executiva e criadora do movimento #ondestãoasmulheres

Em fevereiro passado, depois de dois anos sem visitar minha família, me enchi de coragem e vim passar 15 dias em Fortaleza, com meu pai e minha mãe, para celebrar os aniversários deles. Pude levá-los para tomar a primeira dose da vacina e, naquele momento, me enchi de esperança.

Decidi que não passaria mais de seis meses sem vê-los novamente e voltei agora em julho, para celebrar três aniversários - o meu, os 18 anos da minha filha mais velha e os 99 anos da minha avó.

Poucos dias antes da nossa viagem, tomei a primeira dose da CoronaVac disponível em São Paulo. Soube então que eu deveria tomar a segunda dose em quatro semanas, quando eu estaria em Fortaleza.

A atendente do SUS me tranquilizou: "a vacinação é nacional e somente a primeira dose tem que ser tomada no local de residência. Você pode tomar a segunda dose em qualquer lugar do Brasil, basta levar o cartão de vacinação."

Viajei confiante de que tomaria a segunda dose na minha terrinha, justamente no dia do meu aniversário, sem a menor ideia da saga que eu enfrentaria.

Cheguei e, uma semana depois, fui orientada, via 156, a me cadastrar na plataforma da Secretaria de Saúde e a ligar no dia marcado da segunda dose, para saber onde haveria CoronaVac disponível em Fortaleza.

No dia 17, fui informada de que não haveria vacinação no fim de semana e eu deveria ligar novamente na segunda. Assim o fiz e, depois de conferir todo o meu cadastro, a atendente disse que eu deveria ir à Arena Castelão com meu RG, cartão de vacinação e "comprovante de residência".

Depois de 40 minutos na fila, sob o escaldante sol do meio-dia, ninguém sabia o que fazer comigo. Respondi as mesmas perguntas para três pessoas diferentes até um tal João me dizer que eu só poderia me vacinar em São Paulo, "porque o Ceará só vacina residentes do Estado."

Argumentei que eu havia recebido outra orientação dos quatro atendentes do 156 e ainda tive que ouvir um "é mais fácil eles empurrarem o problema (eu) para mim."

Um DESservidor público, DESumano e DESrespeitoso, que dizia cumprir ordens, me negou o direito à vacina.

Nunca me senti tão DESamparada.

 

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