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Paulo Henrique Martins: Lições do Imperialismo
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Doutor em Sociologia pela Universidade de Paris I. Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador do Núcleo de Cidadania, Exclusão e Processos de Mudança (Nucem – UFPE)

Paulo Henrique Martins: Lições do Imperialismo

Tipo Opinião
Paulo Henrique Martins, professor da UFPE e ex-presidente da Associação Latino-Americana de Sociologia (Alas) (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Paulo Henrique Martins, professor da UFPE e ex-presidente da Associação Latino-Americana de Sociologia (Alas)

Onde fica a capital do Brasil? Em Buenos Aires. Este relato faz parte do anedotário cômico sobre a ignorância dos cidadãos norte-americanos com relação ao mapa geopolítico mundial.

Outro relato, recente, é de um soldado nova-iorquino, de 19 anos, no Afeganistão. Ele pegou a guitarra e começou a cantar: 'Que diabos estou fazendo aqui? Eu não pertenço a este lugar'".

Tais relatos revelam as distâncias que separam os horizontes imaginários do cidadão norte-americano médio e os interesses imperiais do governo e das grandes empresas daquele país e ligadas à indústria de armas, de finanças, de mineração e de agronegócio.

Os primeiros, os cidadãos, preocupados com a existência ordinária no cotidiano, os segundos, os "donos do poder" com a segurança estratégica e militar dos norte-americanos em outras áreas do globo.

A política dos Estados Unidos expressa estas divergências entre um olhar nacionalista e outro pragmático, bem sintetizado por D. Trump com seu lema "America first".

As derrotas no Vietnam e no Afeganistão não resultaram apenas das insurgências das populações dos países em guerra.

Elas também expressam as reações dos cidadãos norte-americanos que não suportam ver vídeos de jovens soldados chorando e pedindo para que não deixem eles serem decapitados.

Mas há outra estratégia de defesa dos interesses imperiais dos Estados Unidos que é mais sutil. Em vez de guerras barulhentas e caóticas, cria-se uma invasão silenciosa pela destruição da soberania nacional de outros países.

A cooptação das elites locais e de elementos da burocracia como ocorreu no Brasil com o caso da criminalização arbitrária de Lula pela "Lava Jato", revela a eficácia desta via de sabotagem do poder.

Mas os resultados são os mesmos nas estratégias barulhentas e silenciosas: a destruição de programas soberanos de modernização nacional e de inclusão social em outros países com o único objetivo de facilitar os interesses das grandes empresas.

Este é um problema antigo na região e que explica o que significou como esperança política no Brasil a campanha do "petróleo é nosso", no pós guerra. n

 

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