Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
É espantoso como alguns colunistas "de grife", que vivem se jactando da quantidade de fontes à sua disposição e de seu suposto conhecimento dos "bastidores" do poder, fazem análises tão equivocadas. No começo, acreditaram que o governo de Jair Bolsonaro era dividido em, pelo menos, duas bandas: a ala "ideológica" e a "técnica". A primeira ala seria "má"; a segunda, sob a direção do queridinho do "mercado", Paulo Guedes, seria "boa".
Depois, alguns colegas apaixonaram-se pelo vice-presidente Hamilton Mourão, devido à sua suposta gentileza no trato com a imprensa, visto como elemento civilizador do governo. Mourão chegou a ser aplaudido quando disse que não seria um vice-presidente "decorativo".
No entanto, como os outros generais, subordinou-se ao presidente Jair Bolsonaro, e bate continência para as políticas e para as aberrações governamentais. Sua última foi dizer que "basta somar" para conhecer os números da pandemia que o Ministério da Saúde quer esconder.
Agora, vem o jornalista, ex-deputado federal Fernando Gabeira, dizendo ter descoberto que as instituições da democracia correm perigo sob Bolsonaro (O Estado de S. Paulo, 5/6/2020). Antes ele acreditava que o Supremo Tribunal Federal e o Congresso seriam capazes de detê-lo, mas hoje teme pela democracia. "O que alterou bastante é que o Bolsonaro não está aceitando muito bem a presença desses contrapesos (dos regimes democráticos), pelo contrário, está tentando neutralizar alguns deles".
Mas, Cristo Redentor, como um sujeito como Gabeira, que viveu o período da ditadura militar como militante de esquerda, foi deputado federal por quatro mandatos consecutivos (colega de Bolsonaro por largo período), jornalista experiente, não conseguiu, de pronto, avaliar o óbvio: que Bolsonaro iria atacar as instituições representativas da democracia?
Fora isso, havia a experiência internacional dos populistas de extrema direita na Hungria e Turquia, por exemplo, mostrando do que eles são capazes. Nesses países, os homólogos de Bolsonaro feriram de morte a democracia. Nos EUA, ainda não se chegou a esse ponto, não por falta de esforços de Donald Trump.
Gabeira desconhecia tudo isso?
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