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Governo suprime dados da violência policial
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Governo suprime dados da violência policial

O relatório anual de direitos humanos, preparado pelo governo federal, excluiu indicadores de violência policial – computados pelo Disque Direitos Humanos - nos dados de 2019. Segundo o Ministério da Mulher, da Família e de Direitos Humanos, responsável pela divulgação, os números ficaram de fora devido à inconsistência dos dados coletados.

Dessa forma, será difícil avaliar o comportamento das forças de segurança, principalmente as polícias militares, no primeiro ano do governo do presidente Jair Bolsonaro.

Direitos humanos
Diversos especialistas ouvidos pelo jornal Folha de S.Paulo afirmam ter sido a primeira vez que foram suprimidos dados da violência policial, desde o início do Disque Denúncia, criado em 1997, e operado pelo governo desde 2003. O serviço atende todos os tipos de agressões aos direitos humanos.

Não por acaso, o colunista do Uol, Jamil Chade, informa que o Comitê da Organização das Nações Unidas sobre Desaparecimentos Forçados vem cobrando do governo Bolsonaro explicações sobre violência policial. E também sobre o desmonte dos mecanismos de monitoramento e prevenção da tortura. Pede ainda ao governo para demonstrar as iniciativas com o objetivo de investigar os autores dos crimes cometidos durante a ditadura militar. O governo brasileiro enviou informe à ONU com explicações sobre os temas abordados, porém o Comitê as julgou insuficientes, pedindo detalhamento das ações, inclusive sobre a atuação de milícias.

Dados escondidos
A supressão de dados sobre a violência policial mostra que esse tipo de providência virou método do governo. O mesmo aconteceu com a recente tentativa de o Ministério da Saúde mudar a forma de contar as vítimas da pandemia, para esconder o número de mortos pelo coronavírus. Antes, houve a intervenção direta do presidente no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), afastando o seu diretor, depois da constatação do aumento das queimadas na Amazônia.

Omitir dados da violência policial é mais um aceno do governo aos policiais militares, hoje uma das bases de apoio de Bolsonaro.

PS. Informações sobre o relatório anual dos direitos humanos (Folha de S.Paulo, 12/6/2020). Dados sobre o Comitê da ONU (Jamil Chade, Uol de 2/6/2020).

 

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