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Corda pode rebentar para o lado do general
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Corda pode rebentar para o lado do general

Tipo Opinião
 Plínio Bortolotti (Foto: Camila de Almeida/O POVO)
Foto: Camila de Almeida/O POVO Plínio Bortolotti

Os generais do governo parecem ter deixado um pouco de lado os hábitos da caserna aventurando-se em um novo metiê, especializando-se na arte do aconselhamento. Ora, ensinando como a oposição e o Congresso devem se comportar, ora dando aulas a magistrados da Supremo Tribunal Federal (STF), orientando-os como conduzir processos.

Mas eles evitam dar ordens, como fazem nos quartéis, onde apenas resta ao subordinado bater continência e obedecer. Assim, optam por dar palpites a respeito de como as instituições devem se comportar.

Vejam o caso Luiz Eduardo Ramos, titular da Secretaria de Governo. Em entrevista à revista Veja ele ensinou como evitar um golpe militar: "Não estica a corda". Ou seja, a mão de força será evitada desde que a sociedade, políticos e o STF fiquem dentro do cercadinho estabelecido pelo general da ativa.

Depois dele veio o general Hamilton Mourão (aquele que não seria um vice decorativo), identificando "um certo exagero" nos mandados de busca e apreensão contra aliados do presidente Jair Bolsonaro. Em seguida, explicou aos ministros da Suprema Corte como eles deveriam agir contra aqueles que defendem a ditadura e bombardeiam o STF com fogos de artifício: a penalidade mais apropriada seria a aplicação de uma multa, ensinou o general.

O fato é que são estranhos aos militares os freios e contrapesos da democracia, pois fogem do preto e branco da caserna, adquirindo tons nuançados na vida política e civil. Isso lhes confunde a mente treinada para a dicotomia: "Sim, senhor". "Não senhor". E os leva a cometer desatinos autoritários.

Mas vejam só a ironia do destino, a submissão de Ramos ao chefe pode de pouco adiantar. O general entrou na mira dos bolsonaristas radicais, segundo a coluna de Tales Faria, no Uol. Eles atribuem ao militar o vazamento de informações sobre o ministro da Educação Abraham Weintraub, cujo cargo está na corda bamba, porém sustentado pelos filhos do presidente. Se ele cair, cai para cima. Já o general está sem padrinho e sem rede de proteção. Parece que a corda vai rebentar é para o lado dele. 

 

Foto do Plínio Bortolotti

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