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Capitão Wagner e a (falsa) onda moralista
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Capitão Wagner e a (falsa) onda moralista

Nas eleições de 2018 centenas de falsos moralistas candidataram-se a cargos públicos, fazendo barulho contra a corrupção, mas agora vêm mostrando a verdadeira face. Mostrando não, estavam expostas desde o início, não viu quem não quis ou não quis ver ou esperava lucrar com isso.

O maior
O maior de todos esses falsos moralistas era (é) Jair Bolsonaro, que acabou sendo eleito presidente, apresentando-se como a honestidade personificada. Agora, não consegue nem mesmo explicar como R$ 89 mil de Fabrício Queiroz foram parar na conta da primeira-dama. Porém, na época da transação monetária, ela era apenas a esposa de um parlamentar medíocre, conhecido pela sua expressão violentamente preconceituosa contra mulheres, negros, homossexuais e indígenas.

Que onda
Os que surfaram nessa onda moralista-policial, um a um, estão caindo da prancha, inclusive o 01, o filho mais velho do presidente, também conhecido como Flávio. Ele está às voltas com Ministério Público do Rio de Janeiro devido ao caso das “rachadinhas”, onde também pontifica o famigerado Queiroz. O MP deverá relacionar organização criminosa, lavagem de dinheiro e peculato entre as acusações contra o agora senador.

E por aí vão também outros peixes grandes, médios e miúdos, entre os quais o governador afastado do Rio Wilson Witzel e o prefeito da cidade do Rio Marcelo Crivella. Todos da turma dos falsamente intolerantes contra a corrupção.

Fortaleza
Aqui por Fortaleza um dos representantes dessa onda moralista é o deputado federal Capitão Wagner, candidato a prefeito de Fortaleza, que se diz “independente” em relação ao governo Bolsonaro (risos). Ele está sempre pronto a brandir o tacape contra os “corruptos”, tema que deverá ser um dos pontos fortes de sua campanha.

No entanto, o seu partido, o Pros, está às volta com a Polícia Federal para explicar uma candidatura “laranja” em 2018. Isto é, inscrita de mentirinha apenas para abocanhar a cota relativa às mulheres, destinada pelo fundo partidário, repassando os recursos para candidatos que concorriam pra valer.

Desvio
O possível desvio foi divulgado por uma reportagem do O POVO, publicada em fevereiro de 2019, a partir da qual a Procuradoria Regional Eleitoral no Ceará pediu investigação.

Muito provavelmente Wagner dirá que a operação vem a público agora para prejudicá-lo eleitoralmente. Mas não terá como explicar por que - passado um ano e meio desde a notícia publicada pelo O POVO - nem ele, nem o partido tomaram qualquer atitude para explicar o ocorrido.

E também não adianta dizer que o problema é da “direção nacional”. Wagner não é um militante qualquer do Pros, e tem de assumir as responsabilidades pelo que acontece em seu terreiro. Mesmo porque, independentemente de qualquer outra circunstância, o caso vai resvalar em sua candidatura.

Acréscimos
O fenômeno da corrupção é endêmico - e não se o combate com voluntarismo, nem elegendo-se “mitos” ou heróis. Exemplo de que isso dá com burros n’água não faltam na história do Brasil. Porém, o conto do vigário é tão poderoso que, de tempos em tempos uma multidão de incautos volta cair na esparrela.

 

Foto do Plínio Bortolotti

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