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A desmoralização de Paulo Guedes
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

A desmoralização de Paulo Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, um senhor de 71 anos, vem sendo tratado como menino (ou como moleque) pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. O antigo Posto Ipiranga transmudou-se em uma borracharia de beira de estrada. E, pior, subordina-se ao papel fazendo reverências ao responsável por sua depreciação.

Canelada
De todo-poderoso na economia, Guedes passou a ser tratado a caneladas, levando descomposturas públicas do presidente Jair Bolsonaro. E ele tem de aguentar, pois não pode tomar decisões por si mesmo e, num rompante, sair do governo. Por enquanto, seus patrocinadores do capital financeira querem mantê-lo por lá, na esperança de que ele ainda possa convencer Bolsonaro a retomar (se é que um dia tomou) a trilha neoliberal.

Doce ilusão.

Depois que Jair Bolsonaro sentiu-se firme cadeira presidencial, ele enquadrou os militares (que vergonha!) e dispensou o imexível Sérgio Moro. Na sequência, passou a ver seus ministros como meros subalternos - e não como colabores de um governo que se apresentou falsamente como renovador. Bolsonaro agora é o chefe, o “duce”, o comandante que não admite ser contrariado, exigindo fidelidade canina de seus criados, também conhecidos como ministros.

Carrinho
Por isso o presidente sente-se à vontade para dar um “carrinho” em Guedes, metáfora futebolística utilizada pelo próprio ministro ao saber da bronca do presidente devido ao andamento do programa Renda Brasil. Ora, como se sabe, “carrinho” é uma jogada maldosa que não é admissível nem mesmo contra adversários. Mas Guedes levantou-se manquitolando, engoliu o sapo, e ainda tentou fazer piada com o assunto.

Cartão vermelho
Mais recentemente, pelo mesmo motivo (formular o Renda Brasil tirando recursos de outros programas sociais), um irritadíssimo Bolsonaro apareceu em redes sociais desautorizando a equipe de Guedes.

O presidente disse que daria um “cartão vermelho” a quem estivesse discutindo o assunto no Ministério da Economia. E completou: “Até 2022, no meu governo, está proibido falar a palavra Renda Brasil. Vamos continuar com o Bolsa Família e ponto final”.

A culpa é do estagiário
Um subserviente Guedes correu para dizer que o “cartão vermelho” não era para ele. Para quem seria, se não para a equipe chefiada por ele? Para o estagiário do Ministério da Economia?

Aí mente
Por outro lado, passou-se apenas um dia para o presidente desmentir a si mesmo. Segundo senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator da proposta de emenda constitucional do pacto federativo, ele foi autorizado a buscar fontes de recursos para a criação de um novo programa social em substituição ao Renda Brasil. Ou seja, um Renda Brasil com outro nome.

Enquanto o governo bate cabeça, a Amazônia e o Pantanal continuam pegando fogo.

 

Foto do Plínio Bortolotti

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