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Gosta de levar chute
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Gosta de levar chute

Toda figura arrogante, que costuma desprezar e ser agressiva com as pessoas “de baixo”, se acoelha frente aqueles que lhes estão acima. Por debaixo de quem ostenta autoridade; do sujeito que gosta de dar carteiradas e se compraz em maltratar garçons ou funcionários considerados subalternos, existe um covarde, subserviente aos “de cima”.

O presidente Jair Bolsonaro é do tipo. Insulta Cuba e a Venezuela, mas apaixonou-se pelo príncipe da Arábia Saudita Mohammed bin Salman, um ditador sanguinário, suspeito de ter mandado esquartejar um jornalista na embaixada de seu país na Turquia. "Todo mundo gostaria de passar a tarde com um príncipe. Principalmente vocês, mulheres, né?” (Sei…), disse quando esteve em visita àquela ditadura.

Com Donald Trump é mais um caso de amor não correspondido. Por mais que Bolsonaro faça para agradar, o presidente americano continua tratando o Brasil como país de segunda categoria, pois conhece o espírito de sapo cururu de Bolsonaro e de seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

No fim de agosto o Ministério da Economia renovou por mais um ano (medida vigorava há dois anos) a cota de etanol que pode entrar no Brasil sem pagar a alíquota de 20%. Com a medida 750 milhões de litros de etanol importados entrarão no Brasil sem o pagamento da tarifa.

A medida favorece enormemente os Estados Unidos, que exportam 99,7% de sua produção para o Brasil. A contrapartida esperada pelos produtores brasileiros era a liberação do mercado americano de açúcar, um dos mais protegidos do mundo, o que não aconteceu. Pelo contrário, Trump ameaçou retaliar se o governo brasileiro não prorrogasse a cota livre do tributo.

Para completar a servilidade, o governo brasileiro ajudou a eleger o candidato de Trump à presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento. O BID foi criado para ajudar no desenvolvimento da América Latina e do Caribe. E, pela primeira vez em sua história de 60 anos, foi quebrada a tradição de manter na presidência um representante da região de atuação do banco.

A favor de Bolsonaro deve-se dizer que ele vem cumprindo o lema de seu patriota governo: “Brasil acima de tudo; Trump acima de todos”.

 

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