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Bolsonaro, o exterminador da saúde
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Bolsonaro, o exterminador da saúde

De onde menos se espera é daí que não sai nada mesmo. Uma exceção, qual seja, uma proposta correta do governo, a compra pelo Ministério da Saúde de 46 milhões de doses da vacina Coronavac, contra a Covid-19, foi sustada em menos de 24 horas por Jair Bolsonaro. Montado em sua insegurança o presidente declarou: “Não abro mão da minha autoridade”, por, supostamente, não ter sido informado pelo ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, do protocolo assinado com o Instituto Butantan.

De qualquer forma o invertebrado general houve por bem explicar ao distinto público porque aceitou a ordem absurda, que põe em risco a vida de milhares de brasileiros: “É simples assim, um manda outro obedece”. Simples mesmo não é não, pelo menos desde o tribunal de Nuremberg.

Em outra investida contra o bem-estar dos brasileiros, Bolsonaro editou esta semana um decreto incluindo as Unidades Básicas de Saúde no Programa de Parcerias de Investimentos. A medida põe a atenção primária à saúde, porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), na rota do programa de concessões e privatizações, comandado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes

Como é praxe no governo o negócio foi feito sem consulta à sua equipe (secretários ficaram surpresos), sem nenhum tipo de conversa com o Congresso e menos ainda com a sociedade. O documento é firmado pelo presidente e por Guedes, sem a assinatura do ministro da Saúde. Mas isso é o de menos, porque Bolsonaro vai pavonear a sua “autoridade” e Pazuello vai curvar-se.

Bolsonaro também é useiro e vezeiro em negar hoje o que disse ontem, preparando-se para contraditar amanhã o que vai dizer daqui a pouco. É uma mistura do famoso “se colar, colou” com tática diversionista. E os “tradutores” de Bolsonaro já saíram a campo para “desexplicar” o que está bastante claro no decreto.

Essa investida contra o SUS faz parte da estratégia que Bolsonaro anunciou logo depois de eleito, expondo o seu objetivo de “desconstruir muita coisa” para depois refazê-las à sua imagem e semelhança.

Insisto nessa verdadeira revelação de seus propósitos, porque pouca gente prestou atenção a esse discurso, que está na essência do governo Bolsonaro.

PS. Publiquei este artigo às 16h04min. Às 18h01min Bolsonaro revogou o decreto que abria caminho para a privatização do SUS, depois de uma enxurrada de críticas. O método não foge do script de idas e vindas do governo, estilo "se colar colou", como adverti no texto.

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