Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Já foi dito praticamente tudo sobre a vitória de Joe Biden sobre o presidente Donald Trump, que tentava a reeleição nos Estados Unidos. Porém, algumas questões, determinantes, foram menos analisadas.
1. Extrema direita A derrota de Trump não significa o fim da extrema direita, que continuará a contaminar o mundo. A vitória apertada de Biden mostra que os Estados Unidos estão divididos ao meio. Isso significa que o canto de sereia do populismo continua atraindo muita gente.
2. Estados Unidos A ascensão de líderes de extrema direita normalmente acontece em períodos de instabilidade política e econômica. Nos Estados Unidos, por exemplo, depois da crise de 2008, o governo salvou bancos, mas deixou ir à falência milhares de famílias que não tinham como bancar seus empréstimos imobiliários. Ou o desemprego - resultado de causas diversas - que se abateu sobre os trabalhadores enquanto os ricos ficavam mais ricos. Os Estados Unidos, a nação mais rica do mundo, tem os maiores índices de pobreza entre os países desenvolvidos. E a desigualdade de renda atualmente é a mais alta da história. Os populistas ganham destaque oferecendo soluções fáceis para problemas complexos.
3. Caldo venenoso As dificuldades dos trabalhadores e da classe média criam um caldo de venenoso de frustração, raiva e preconceito, que por vezes atinge outros desvalidos (por exemplo: os imigrantes passam a ser acusados de “tomar o emprego” dos nacionais) e também contra a “classe política” tradicional, vista como responsável pelo caos. Sim, os políticos americanos - sejam Republicanos ou Democratas - têm responsabilidade sobre os problemas econômicos e políticos, pois são eles que dirigem o país. Desse modo, as pessoas começam a questionar os políticos, considerando-os todos “parasitas”, e os próprios pilares da democracia.
4. Acirramento Os populistas de extrema direita verbalizam essas hostilidades, ao tempo em que incentivam o acirramento do conflito, a intolerância e o confronto. Manter o ambiente sempre tensionado é essencial para que funcione a “narrativa” que passam a disseminar de “nós contra eles”, permeada de informações falsas e teorias da conspiração.
5. Verniz democrático Se esse comportamento é explicável tratando-se de trabalhadores desesperados, é injustificável quando políticos, economistas e intelectuais “bem pensantes” se unem a esses tipos para dar-lhes um verniz democrático, como se fossem gente civilizada.
6. Democracia Pois o objetivo central dessa horda é minar os pilares da democracia, implementar um regime autoritário e perpetuar-se no poder. Isso já aconteceu em outros países, menos importantes do que os Estados Unidos. Mas, agora, o mundo inteiro está assistindo ao vivo a lição de como matar a democracia, tendo como “professor” o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. É um trágico privilégio.
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