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Em sua visita ao Ceará, Bolsonaro triplica sua aposta a favor do coronavírus
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Em sua visita ao Ceará, Bolsonaro triplica sua aposta a favor do coronavírus

A pretexto de inaugurar algumas obras, o presidente Jair Bolsonaro esteve no Ceará na sexta-feira (26/2/2021), já dando largada à campanha presidencial de 2022. Os seus discursos agressivos contra governadores e adversários não deixam dúvida quanto a isso.

Três coisas
Bolsonaro desistiu de governar, se é que em algum momento teve esse ânimo. Agora só pensa em três coisas: manter-se no poder, reeleição e salvar a família das garras da Justiça, diga-se com um bom grau de sucesso. Por esse intento, ele é capaz de qualquer coisa.

Falta de perspectiva
Sem qualquer perspectiva de que seu governo possa dar certo, Bolsonaro precisa remexer no pântano, seu elemento natural, semeando o caos. Desse modo mantém seus seguidores na ponta dos cascos, pronto para defender o chefe em qualquer circunstância. Somente isso pode explicar o seu comportamento durante o dia que passou no Ceará, quando promoveu aglomerações, condenou o uso de máscaras, discursou contra o isolamento e incentivou o ajuntamento de pessoas.

O amigo do coronavírus
Nem os mais de 250 mil brasileiros que perderam a vida para a Covid-19, nem o número absurdo de 1.500 mortes em um dia foram capazes de sensibilizá-lo para a crise sanitária. Bolsonaro é o maior amigo do novo coronavírus, combatido no mundo inteiro, no Brasil transformou-se no mascote do presidente.

Com sua vinda ao Ceará, Bolsonaro triplicou sua aposta contra todas as medidas de proteção contra o coronavírus, pois dobrar, já havia dobrado a cartada há muito tempo.

Camilo e Tasso
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), recusou-se a participar dos eventos da morte, convocados por Bolsonaro, no que fez muito bem. Até o comedido senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) irritou-se com as façanhas de Bolsonaro, e disse que vai pedir a instalação imediata da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado.

Tasso instou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a ler o requerimento para iniciar os trabalhos. O pedido de CPI tem a assinatura de 30 senadores, mais do que um terço (27) necessário para pedir a abertura da investigação.

Bloqueio
O governo federal é hoje um bloqueio para impedir que se tome medidas necessárias para frear a contaminação. E mais do que entrave, estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e da Conectas Direitos Humanos defende que Bolsonaro desenvolveu uma “estratégia institucional de propagação do coronavírus”.

Farsa
É difícil deixar de dar razão ao estudo quando Bolsonaro, na véspera de sua viagem ao Ceará, iniciou sua farsa negacionista, falando em sua “live” semanal, que usar máscara provocaria dor de cabeça e outros efeitos colaterais. Ao modo típico das “fake news” (sinônimo de mentira) citou como fonte uma “universidade alemã”. Pela amostra, já era previsível o estrago que faria no Ceará.

Quem vai parar?
Portanto, se Bolsonaro não quer parar o coronavírus, alguma instituição tem o dever de detê-lo. Ou será assim, ou a ceifadora continuará a fazer o seu trabalho mortal, com a luxuosa ajuda do presidente da República.

Foto do Plínio Bortolotti

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