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Discurso mostra que Lula está de volta ao jogo
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Discurso mostra que Lula está de volta ao jogo

Se não existisse nenhuma outra diferença entre Lula e Bolsonaro, existiria esta: o ex-presidente ficou mais de uma hora na entrevista coletiva, respondeu mais de uma dezena de perguntas e não fez referências homofóbicas aos repórteres, não pôs a mãe de ninguém no meio da conversa, nem ameaçou “encher a boca de porrada” dos que fizeram perguntas embaraçosas — e também não interrompeu nenhum jornalista com um “acabou a entrevista, aí”, dando as costas, aos perguntadores profissionais.

Se você acha pouco, tenho de dizer que isso se chama “civilidade”, que deveria regular o comportamento de qualquer um que se disponha a ocupar um posto público, especialmente se este for o cargo mais elevado de uma nação.

Segundo, a julgar pelo discurso, Lula é candidatíssimo a presidente da República. E ainda, para o bem ou para o mal, qualquer frente — mais ampla ou mais restrita — só será aceita com ele como cabeça de chapa, pois o PT não aceitará menos do que isso. Portanto, uma frente que reúna toda a esquerda, a não ser que um milagre faça Ciro Gomes mudar de ideia, não vai rolar em 2022.

Terceiro, a fala de Lula deixou mais claro do que nunca que o PT não é um partido de “esquerda”, porém de centro-esquerda, do tipo social democrata. Ele fez acenos à esquerda, à direita, ao empresariado e ao “mercado”, afirmou estar disposto a conversar com todos. Essa é uma tese que defendo há muito tempo, escrevendo ou falando na rádio O POVO/CBN, sobre a localização do PT no arco ideológico.

Entretanto, aqueles que jogam a culpa no PT por apoiarem o atual presidente da República, dizem que o Partido dos Trabalhadores e Bolsonaro são “dois extremos", assim sendo, a “mesma coisa” com sinal trocado: querem equivaler o que é inequivalente. E, ao mesmo tempo, terceirizar a culpa por apoiarem o governo, como fazia o partido Novo que, agora, declarou-se oposição ao presidente.

Assim, mais uma vez: Bolsonaro é de extrema direita, o PT não é de extrema esquerda. É um partido que ficou 16 anos no poder observando as balizas democráticas. As mesmas que estão sendo corroídas com apenas dois anos de mandato bolsonarista.

Resumindo, o discurso de Lula marca sua volta ao jogo, para quem gosta e para quem não gosta.

 

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