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CPI da Covid tem alto poder de combustão
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

CPI da Covid tem alto poder de combustão

A instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) nem sempre traz o resultado esperado, qual seja, o de punir o agente público ou privado que cometeu irregularidades ou concluir pela inocência dos investigados. Muitas terminam sem conclusão alguma.

Nem sempre, o motivo de terminar inconclusivamente ou sem punição aos investigados se dá pela razão deles serem inocentes. Muitas se perdem nos descaminhos do Congresso, sob pressão política ou acertos nem sempre republicanos entre investigadores e investigados.

No entanto, existem também investigações que causam terremoto político de grandes proporções, como foi o caso da CPI do PC Farias (1992), o famoso tesoureiro da campanha presidencial de Fernando Collor de Mello, que terminou com a queda do presidente. Ou a CPI dos Correios (2005), criada para apurar denúncias de corrupção na empresa e que desaguou no “mensalão”, um sistema de compra de votos de deputados que quase custou o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O fato é que a CPI da Covid-19, prestes a ser instalada no Senado, demonstra alto poder de combustão. Se o tanque explodir, estilhaços podem atingir até mesmo o presidente da República. Para começar, a presidência da comissão, que deverá ser instalada no dia 27/4, pode ficar com um crítico do governo, Osmar Aziz (PSD-AM) e a relatoria, o cargo mais importante, com um opositor declarado, Renan Calheiros (MDB-AL).

Conduzir-se em meio a uma CPI não é para amadores e a truculência — um dos poucos caminhos políticos que Bolsonaro conhece — costuma piorar ainda mais a situação. Especialista nesses escaninhos é o Centrão. Portanto, a tendência é Bolsonaro tornar-se cada vez mais dependente da turma do tomaladacá.

Resumindo: sabe-se como uma CPI começa, porém seu desfecho é imprevisível. Espera-se que esta termine bem. Isto é, responsabilizando criminalmente e afastando de seus cargos autoridades que desprezaram a gravidade da Covid-19, preferindo aliar-se ao vírus em vez de combatê-lo. Provas para tanto são por demais evidentes, para reuni-las, nem será necessário muito esforço dos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito.

 

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