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Pazuello foge da CPI com a desculpa de ter tido contato com pessoas contaminadas pelo coronavírus
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Pazuello foge da CPI com a desculpa de ter tido contato com pessoas contaminadas pelo coronavírus

A Comissão Parlamentar de Inquérito, a CPI da Pandemia, começou hoje com o testemunho do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Ele confirmou o que todos veem, pelo menos aqueles que querem ver, que Bolsonaro foi um entrave às medidas de combate ao Coronavírus.

Porém, o que acabou provocando surpresa foi o aviso que o ministro mais longevo dos quatro ocuparam a Sáude, o general Eduardo Pazuello, avisou que não poderia dar seu depoimento amanhã na CPI, como estava agendado. Segundo o general, ele teve contato com dois oficiais que testaram positivo para Covid-19, por isso entraria em quarentena.

No entanto, segundo a jornalista Malu Gaspar (O Globo, 4/5/2021) Pazuello, há uma semana, já planejava não comparecer à CPI. Fontes que ela ouviu dizem quem durante um “media training”, ele se mostrava muito tenso e preocupado com a possibilidade de ser preso após depor. “Ele tremia”, disse à repórter uma pessoa que assistiu ao evento. (O “media training”, grosso modo, é uma preparação para lidar com a imprensa, a preparar pessoas para perguntas de repórteres ou a responder a interrogatórios.)

É interessante observar que o mesmo Pazuello que se mostrou irônico e valente quando foi confrontado com o fato de frequentar um shopping sem máscara, mostra-se medroso quando tem de enfrentar uma simples CPI, pois os senadores não agirão como subordinados dele.

Recentemente escrevi o artigo O coronavírus e a covardia dos generais no qual mostrava que a pusilanimidade dos generais, seu medo em contrariar o presidente da República, Jair Bolsonaro, contribuiu para levar à morte um número ainda impossível de calcular de brasileiros.

Dei como exemplo o fato de as Forças Armadas seguirem todas as recomendações da ciência em suas dependências, enquanto Pazuello, um general da ativa, então titular do Ministério da Saúde, preferia submeter-se às ordens esdrúxulas de Bolsonaro, e ainda se gabava disso: “É simples, um manda outro obedece”.

Na mesma pegada, o ministro da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos, revelou (sem saber que estava sendo gravado) que tomara a vacina "escondido", para não contrariar seu chefe. Ou seja, ele não teve a hombridade de dar o exemplo a seus compatriotas para que eles tomassem um imunizante que poderia salvar suas vidas.

O que acontece é que o fracasso do governo Bolsonaro, e não apenas no enfrentamento ao coronavírus, será uma conta a ser paga também pelas Forças Armadas, cujos generais do governo estão mais preocupados com sua própria situação do que com as necessidades da população brasileira. Exatamente o contrário do que apregoam os militares.

 

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