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A Copa América e uma seleção humilhada
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

A Copa América e uma seleção humilhada

Confesso, sou brasileiro atípico: não “torço” para nenhum time de futebol, não acompanho campeonatos e para mim tanto faz a seleção perder ou ganhar um jogo. (Podem me apedrejar.)

Porém, dou sim importância aos esportes, mas meu interesse está voltado para o seu aspecto sociológico, a sua capacidade de tocar milhões de pessoas, despertar paixões avassaladoras e mobilizar multidões.

Esporte é política, e sempre foi assim, principalmente em épocas tormentosas, quando os espíritos são postos à prova; momentos em que uns se destacam pelas qualidades morais, enquanto outros se submetem.

Em 1936 Hitler usou as Olimpíadas na Alemanha para fazer propaganda do nazismo, apresentando-se ao mundo como um “homem de bem”. A delegação americada chegou a tirar atletas judeus da equipe para para agradar Adolf Hitlter, mas ele teve de engolir o sucesso do velocista negro Jesse Owens, neto de escravos, que ganhou quatro medalhas de ouro, para desgosto do fuher. Owens tornou-se símbolo da luta contra o racismo, mas continuou a ser discriminado em seu próprio país.

O mesmo aconteceu com Muhammda Ali, um menino de 18 anos quando ganhou a medalha Olímpica em 1960, condecoração que ele jogou em um rio, quando voltou ao país e tentou comer um hamburguer em um restaurante, o que lhe foi negado por ser negro.

Ali nunca abriu mão de suas ideias e não separava o esporte da militância. Foi preso em 1967, pois recusou-se a servir o Exército na guerra do Vietnã. Foi condenado a cinco anos de prisão, perdeu seus títulos e a licença de boxeador, porém não se dobrou. Voltou, calou seus opressores e tornou-se lenda.

Aqui no Brasil, em 1970, quando a ditadura fardada matava e torturava, o técnico da seleção, João Saldanha, repeliu a tentativa de interferência do general-presidente Emílio Garrastazu Médici lembrando o papel de cada um: “Ele escala o ministério, eu escalo a seleção”. Perdeu o cargo, mas não a dignidade.

Agora vêm esses moleques milionários e mimados, que não têm nada a perder a não ser a decência, dizendo que jogar a Copa América é uma “missão”, quanto obedecem de forma humilhante ordens da CBF e do presidente Bolsonaro? Ah, vão se lascar.

Foto do Plínio Bortolotti

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