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A dupla ameaça de Mourão e Bolsonaro é jogo para a plateia
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

A dupla ameaça de Mourão e Bolsonaro é jogo para a plateia

Sem a possibilidade de vencer a eleição, só restaria a Bolsonaro apelar para o aprofundamento do caos. Isso explica seus discursos cada vez mais estrambóticos, ainda que desagrade o seu mais novo amigo de infância, o Centrão.

O presidente Jair Bolsonaro, naquele seu linguajar tosco, deixa no ar a possibilidade de não candidatar-se à reeleição em 2022 (o que faria com que a sua única promessa de campanha fosse cumprida). O general Hamilton Mourão, no seu jeito educado, ao modo media training, lança o balão de ensaio de que pode renunciar à vice-presidência.

Partido Militar
Ambos falam para a plateia. Bolsonaro para a sua horda de fanáticos, pronta a obedecer o "duce", esperando apenas a ordem para entrar em ação, qualquer que seja ela.

Mourão fala para o “Partido Militar” que, segundo o coronel Marcelo Pimentel, não quer largar o osso, com ou sem Bolsonaro. Para os generais, segundo o coronel, o presidente seria uma “peça descartável”, pois o objetivo principal dos fardados é a manutenção do poder. Para Pimental, o partido militar nunca deixou de existir, apenas esteve "adormecido" depois da Constituição de 1988, tendo voltado ao poder usando Bolsonaro como instrumento.

Renúncia
A meu ver, existe sim a possibilidade de Mourão renunciar, ou chutar o pau da barraca, passando a fazer oposição aberta a Bolsonaro. Mas não seria agora. Ele pretende esperar o desenrolar dos acontecimentos para ver até onde vai a queda de Bolsonaro para tomar sua decisão.

“Terceura via”
Mourão pode até ser candidato (a presidente ou a vice) na chamada "terceira via", que tem o apelido de "centro", mas é a velha direita brasileira. E esta, do mesmo modo que não se peja em apoiar um candidato de extrema direita, não contará pipoca para aninhar em seus braços o Partido Militar. Ou seja, seria a solução militar sem Bolsonaro.

Abandonado
Assim, abandonado, com uma “terceira via” competitiva e mais um candidato forte (Lula), haveria o risco de Bolsonaro ficar fora do segundo turno. Em assim sendo, ele anunciaria em uma “motociata” que não participaria da eleição, chamando a horda que o segue para criar um “problema pior” do que aconteceu nos Estados Unidos, segundo sua própria declaração.

A desculpa, claro, seria a ausência do "voto impresso e auditável", a realidade é que nessa situação, sem a possibilidade de vencer a eleição, só restaria a Bolsonaro apelar para o aprofundamento do caos. Isso explica seus discursos cada vez mais estrambóticos, ainda que desagrade o seu mais novo amigo de infância, o Centrão.

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PS. Quem quiser saber mais sobre o coronel da reserva Marcelo Pimentel, crítico severo do governo e da atuação das Forças Armadas na política, pode pesquisar no Youtube. Em vários vídeos, ele expõe o que pensa sobre o assunto.

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