Logo O POVO+
A elite ameaça desembarcar do governo, mesmo?
Foto de Plínio Bortolotti
clique para exibir bio do colunista

Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

A elite ameaça desembarcar do governo, mesmo?

O objetivo é botar um pé na canoa da "terceira via". Porém, os donos do capital não terão vergonha de voltar aos braços do capitão, se o "perigo vermelho" voltar a rondar 2022.

A Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) preparou manifesto “pela democracia” que, segundo o seu presidente, Paulo Skaf, reuniu mais de 200 assinaturas em poucos dias.

Alinharam-se no documento, pedindo a “pacificação” entre os três poderes, pesos pesados da indústria, comércio, bancos e agronegócio. Antes que a nota fosse expedida oficialmente, alguns jornais divulgaram o seu conteúdo.

Assim, mesmo sem citar o presidente da República — o principal agressor dos demais poderes —, Bolsonaro irritou-se com a ousadia dos aliados de sempre. Alegou, por meio do ministro da Economia, Paulo Guedes, que a Febraban (entidade que representa os bancos) queria um tom mais crítico à nota, com ataques ao governo.

(A especialidade de Bolsonaro é criar inimigos imaginários, espantalhos que sacode para agitar a sua horda de fanáticos.)

Outro menino de recados de Bolsonaro, o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL), telefonou a Skaf informando-o do desagrado presidencial. Foi o bastante para Skaf arranjar uma desculpa para adiar a publicação do documento, sob o argumento de conseguir mais assinaturas. A coleta talvez dure até depois do 7 de Setembro, de modo a não empanar o movimento golpista incentivado pelo presidente.

Recuando a Fiesp, o agronegócio resolveu bancar seu próprio manifesto defendendo a democracia, assinado por mais de uma dezena de entidades do segmento.

Esses poderosos setores econômicos — financeiro, industrial e rural — são os mesmos que carregaram nos ombros o candidato Bolsonaro, temendo perder dinheiro se o vencedor fosse Fernando Haddad, esquecendo-se de que nunca faturaram tanto quanto no governo do PT. (Porém, o preconceito de classe está impregnado na elite brasileira.)

Agora, na iminência de perder negócios pelo fato de o governo brasleiro ter-se tornado um pária internacional, o medo de afundar junto com Bolsonaro está batendo forte na elite, pois atinge a sua porção mais sensível: o bolso.

Assim, ameaçam um meio desembarque da nau bolsonariana, com o objetivo de botar outro pé na canoa da “terceira via”. Porém, não terão vergonha de voltar aos braços do capitão, se o “perigo vermelho” voltar a rondar 2022.

Foto do Plínio Bortolotti

Fatos e personagens. Desconstruindo a política. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?