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BTG Pactual: pensando que falava somente para os seus, "mercado" mostra sua verdadeira cara
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

BTG Pactual: pensando que falava somente para os seus, "mercado" mostra sua verdadeira cara

O Banco Central diz que conversa com representantes do mercado, mas nunca se ouviu falar de consultas do mesmo nível com diretores de alguma central sindical.

O conhecido "senhor mercado” falou. Porém agora, achando que somente seus iguais escutavam, revelou sua verdadeira cara.

O portal de notícias Brasil 247 divulgou áudio em que o dono do banco BTG Pactual, André Esteves, revela como exerce influência sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), sobre o presidente do Banco Central “independente”, Roberto Campos Neto e até sobre ministros do Supremo Tribunal Federal, segundo jactou-se.

Ele também comparou o impeachment que a presidente Dilma Rousseff sofreu em 2016 ao golpe civil-militar de 1964. Ambos, aliás, ambos aplicados pelas mesmas forças político-econômicas, agora com reconhecimento de um de seus entusiastas.

Esteves falava reservadamente para uma pequena e selecionada plateia, em evento com o título de “Futures leaders” (líderes do futuro). O áudio vazou, expondo aquilo que a elite brasileira nega à luz do dia: é o mercado financeiro que distribui as cartas do viciado jogo político-econômico brasileiro.

De cara, ele arranca risos da plateia (você sabe, rico ri à toa), ao dizer que estava atrasado, pois atendia ligação do presidente da Câmara, perguntando-lhe o que achava da debandada dos secretários de primeiro escalão no Ministério da Economia.

Além do aconselhamento a Lira, gabou-se também de ser consultado por Campos Neto sobre a política econômica do País. Em nota oficial o Banco Central afirmou que integrantes de sua diretoria mantêm “contatos institucionais” com executivos de mercado para monitorar temas que possam “ameaçar a estabilidade do sistema financeiro e/ou para colher visões sobre a conjuntura econômica”.

Entretanto, nunca se ouviu falar de conversas do mesmo nível com representantes de alguma central sindical, com o MST ou com qualquer entidade representativa dos trabalhadores, para “colher visões sobre a conjuntura econômica”. Só banqueiro tem direito opinar sobre o assunto?

Preconizou ainda que “se o presidente Bolsonaro “ficar calado” e conseguir tranquilidade institucional, ele será o favorito na eleição de 2022.

E, anotem, se assim for, certamente a desclassificada elite brasileira estará novamente com ele.

 

 

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