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Não existe mais governo, restaram as crises
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Não existe mais governo, restaram as crises

Tipo Opinião

O governo Jair Bolsonaro é um verdadeiro ninho de víboras, na falta de animal mais peçonhento para sustentar a correspondência. A defecção do empresário Paulo Marinho repete o enredo de outras histórias escabrosas. São "infiéis" que deixam atrás de si um terreno minado, obrigando o presidente e seus filhos a verdadeiros contorcionismos verbais para escapar das bombas, engatilhadas por quem conhece as entranhas da criatura.

O deputado Delegado Waldir, quando houve o racha no PSL, chamou o presidente de "vagabundo" e ameaçou "implodir" o governo. A deputada Joyce Hasselmann, se dizia "mais filha" de Bolsonaro do que os próprios filhos, mas caiu em desgraça. Então, revelou que um "gabinete do ódio" funcionava dentro do Palácio do Planalto, abastecendo uma "milícia digital", com o objetivo de destruir a reputação de adversários.

O deputado Alexandre Frota, expulso do PSL, qualificou o governo como "o que é de mais velho na política". Acertou em cheio, pois o governo pôs o outrora repudiado Centrão no colo e está dando o "carinho" exigido por esses patriotas. Tem ainda Gustavo Bebianno, que acusava Carlos Bolsonaro de ter atrapalhado o "esquema de segurança", no dia em que o pai levou a facada.

Uma nova enrascada foi produzida por Sergio Moro. Empurrado para fora do Ministério da Justiça, denunciou a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal. O governo já tentou de várias maneiras justificar a pressão do presidente pela mudança do superintendente da Polícia Federal no Rio, sem conseguir, pois os indícios são cada vez mais robustos.

Agora, Paulo Marinho revela que Flávio Bolsonaro recebeu informações privilegiadas da PF no Rio, no período eleitoral de 2018. Um delegado teria alertado o então deputado estadual que investigações da PF atingiam funcionários de seu gabinete, o que de fato aconteceu, gerando o "caso Queiroz". Segundo o relato, o delegado disse que a operação Furna da Onça seria segurada durante o segundo turno para não atrapalhar a eleição de Bolsonaro.

Resumindo, não existe mais governo, apenas crise em cima de crise. Enquanto isso, o presidente deambula de cercadinho em cercadinho, imaginando que o Brasil limita-se a seus fanáticos seguidores. 

 

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