Logo O POVO+
Quanto tempo dura a civilidade dos Bolsonaros?
Foto de Plínio Bortolotti
clique para exibir bio do colunista

Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Quanto tempo dura a civilidade dos Bolsonaros?

“Todos os poderes estão unidos, junto aos governadores e prefeitos. Deixemos os embates políticos de lado e vamos dar as mãos, pois em uma guerra, se não for assim, todos perdem, e seremos implacavelmente julgados nos nossas atitudes”, escreveu o presidente do Senado, Davi Alcolumbre em sua conta no Twitter.

Imediatamente, Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) repostou, com lanheza atípica na família do senador: “Sou testemunha do seu empenho pessoal em apoiar as pautas em prol do Brasil. Parabéns, presidente Davi Alcolumbre”.

Foi no mesmo dia em que Jair Bolsonaro recebeu os governadores e também tratou-os com civilidade. O presidente deve ter reprimido o desdém pelos governantes “de Paraíba” e o rancor dedicado a João Doria (São Paulo) e Wilson Witzel (Rio de Janeiro), seus supostos adversários na próxima eleição presidencial.

Bolsonaro demorou três meses, desde o início da pandemia, para convocar uma reunião em que uma conversa pudesse ocorrer sem agressividade. Nesses longos 90 dias, no qual morreram mais de 20 mil brasileiros por Covid-19, ele vinha desdenhando da doença, depreciando os doentes (só atinge os fracos), desconsiderando número crescentes de mortes, e sem demonstrar piedade pelas pelas vítimas ou dirigir uma palavra de conforto a seus parentes. Ignorem-se os últimos dias, nos quais ele balbuciou um ou outro lamento, sem deixar de fazer piada, como se o horror fosse apenas parte de um show: “Quem é da direita toma cloroquina, que é da esquerda, tubaína”.

O fato é que os Bolsonaros estão fazendo vários movimentos para se precatarem do tsunami de acusações que os os atinge. O Centrão está recebendo a sua “mamadeira com Nescau”, pois será preciso ter votos suficientes na Câmara para segurar um possível processo de impeachment. Há uma trintena de pedidos. O mais recente, assinado por sete partidos de esquerda e cerca de 400 entidades da sociedade civil.

Como gostam de usar metáforas bélicas, lá vai uma: atingidos por petardos em todas as frentes, principalmente por ex-fiéis aliados, a família Bolsonaro está desnorteada. E eles já sentiram que o cercadinho é uma trincheira insuficiente para protegê-los.

Tomaram então um banho de loja tentam “reposicionar” a imagem da família, como gente de fino trato. Será preciso combinar agora com as feras que eles alimentaram e amansar o “gabinete do ódio”. Essa parte talvez seja fácil: é uma súcia de bajuladores treinada para obedecer cegamente as ordens do “mito”.

Quanto tempo vai durar esse verniz? Pouco. A não ser que você acredite que o escorpião pode mudar a sua natureza. E é cada vez maior o número de pessoas que enxerga essa realidade.

Foto do Plínio Bortolotti

Fatos e personagens. Desconstruindo a política. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?