Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Os bolsonarianos de extração envergonhada puseram-se a construir uma nova equivalência, falsa para variar, como justificativa para uma possível ação destrambelhada do presidente Jair Bolsonaro. Passaram a admitir a possibilidade, que antes negavam (“as instituições estão funcionando”), de o presidente tomar uma medida que leve a uma “ruptura” da ordem institucional, como ameaçou o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Mas afirmam que a responsabilidade será, principalmente, do Supremo Tribunal Federal (STF), que não estaria sabendo comportar-se ao supostamente “invadir competências” do Executivo.
Ora, se há uma coisa em que Bolsonaro se manteve 100% sincero foi sobre seu amor às ditaduras de extrema direita, sua mentalidade golpista, seu desprezo pelas instituições e seu ódio às minorias e aos direitos humanos. Sua maior façanha, em seus 30 anos de parlamento, foi prestar uma abjeta homenagem ao coronel Brilhante Ustra, um torturador de crianças, que se regozijava ao levá-las para ver seus pais sendo supliciados. Em suma, nenhum de seus eleitores foi enganado. Assim, seus apoiadores podem ser enquadrados em duas categorias: os muito ingênuos e os de má-fé, que o escolheram justamente pelos seus defeitos.
O problema não é o STF, pois a cada dia o presidente escolhe um inimigo diferente para atacar os pilares da democracia. Um dia é a imprensa; no outro o Legislativo; mais à frente o Judiciário. O seu modo de governar é o conflito, estimulado pelo “gabinete do ódio”, que lhe faz assessoria próxima. Por isso, o seu desespero de agora: “Acabou, porra”. Ele sabe que a polícia ronda seus aliados - e que eles têm culpa no cartório.
Por seu lado, os ministros do Supremo não podem se intimidar com as ameaças partidas da família presidencial. O deputado Eduardo Bolsonaro escancara a disposição golpistas, dizendo não se tratar mais de “se” vai haver “ruptura”, mas “quando” ela vai acontecer. Ele busca intimidar o STF para fazê-lo reconsiderar suas decisões sobre o inquérito das “fake news” - que se aproxima do Palácio do Planalto. A Suprema Corte, portanto, precisa reafirmar essas decisões em plenário, mostrando disposição em enfrentar o arbítrio.
Por isso, um verdadeiro democrata hoje - mesmo com eventuais críticas - tem a obrigação de defender o STF. É o tribunal que está impondo limites para não deixar Bolsonaro enfeixar poderes absolutos, com o objetivo de pôr as instituições de joelhos. E, a partir dessa providência deletéria, proteger a família, apaniguados e grupelhos golpistas de extrema direita - os quais pretende armar. Recuar agora, seria demonstrar sinal de fraqueza, o que animaria a escória a avançar sobre a institucionalidade.
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