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É. Não sobrou nada mesmo
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Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha

É. Não sobrou nada mesmo

Em menos de dois anos, Bolsonaro desmontou quase que inteiramente o plano de governo pelo qual foi eleito presidente.
Regina Ribeiro, jornalista do O POVO (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Regina Ribeiro, jornalista do O POVO

Faz tempo, percebi que as promessas de Bolsonaro viraram poeira soprada pelo vento Acarati. Para tirar essa dúvida, voltei ao programa de governo. Vejamos alguns pontos:

1. Na Saúde e Educação a promessa era de “eficiência, gestão e respeito com a vida”. Por mais de um ano, a Educação esteve entregue a um louco que praticamente inviabilizou a área.

Os cortes contínuos na pasta prejudicaram o ensino superior, e mesmo na educação infantil e básica não houve nenhum avanço na implementação da nova base comum, em vigor no País.

Durante a pandemia, o MEC fechou para balanço e deixou estados e municípios sozinhos. Para 2021 está previsto um corte de R$ 1 bilhão na Educação.

Quanto à Saúde, basta verificar o que aconteceu durante a pandemia. Além das sucessivas alterações no Ministério da Saúde, os recursos destinados a estados e municípios não foram executados em sua totalidade.

Testes em massa nunca foram realizados. O próprio presidente desdenhou da doença e da morte de milhares de pessoas. Essas duas áreas são cruciais, principalmente, para a população pobre que ele agora decidiu abraçar, porque viu que tem serventia.

2. Combate implacável à corrupção e aos privilégios. Bom, a gente percebe que no tocante à corrupção, a premissa pode até ser verdadeira desde que os envolvidos não sejam o próprio presidente, sua família e seus amigos. O Queiroz está aí para comprovar o fato.

Quanto aos privilégios, é perturbador como os militares mantiveram sua previdência protegida, e alguns outros benefícios foram até alargados em plena pandemia.

3. No programa do governo há uma promessa emblemática: “Ninguém será perseguido, todos terão seus direitos respeitados”. Na última quinta-feira o STF impediu – por 9 votos a 1 – o governo de monitorar e produzir dossiês contra servidores públicos do movimento antifascistas.

4. Sobre o toma-lá-dá-cá, o Centrão entrou no páreo e o presidente que jurava que iria banir a prática da face da terra do Brasil parece estar em casa. De pijama e pantufas.

5. A proposta também prometia implantar o “verdadeiro” liberalismo econômico: mais Brasil, menos Brasília. Hoje, temos um Posto Ipiranga acossado por uma política fiscal em perigo e uma debandada de liberais do governo. O liberalismo prometido que já parecia tosco, agora se transformou apenas em eleitoreiro.

É. Não sobrou nada mesmo.

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