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Sinais de pontuação.!?...
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Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha

Sinais de pontuação.!?...

Fazer perguntas é a melhor maneira de alargar o conhecimento da realidade
Tipo Opinião

Na live da última quinta, Jair Bolsonaro deixou para lá um dos tópicos. O 7º item, segundo foto publicada no site do jornal Folha de S.Paulo, era justamente este: “Botar um ponto final na questão envolvendo Queiroz e Primeira Dama”. No cabalístico 7, o tema aparece riscado. Por quê?

Caso Bolsonaro fosse afeito a leituras mais ecléticas, saberia que fazer uso do ponto final é algo complexo. Excetuando-se, claro, situações caseiras do tipo: comi a última fatia do bolo de banana com amêndoas. Ponto final.

Na grande maioria dos acontecimentos da vida – mesmo caseiros – é difícil usar esse tipo de pontuação. Os mais corriqueiros são mesmo os pontos de interrogação, de exclamação e, caso a experiência seja, por exemplo, um casamento longevo, cairão bem as reticências...

Saindo das questões banais do cotidiano, a complexidade do uso da pontuação alarga as janelas da alma, para muito além dos que os olhos veem. E quanto mais fazemos perguntas, mais possibilidades há de estimularmos o cérebro. Não há coisa mais terrível do que uma mente cheia de pontos finais.

Por isso, talvez, Bolsonaro fique tão enervado com perguntas. Há uma boa possibilidade de que haja mais pontos finais na sua mente do que os de interrogação. Quando ele disse que sua vontade era de encher de “porradas” a boca do jornalista que quis saber por que sua esposa recebeu cheques de Fabrício Queiroz, demonstra um excesso de alvoroço diante de uma pergunta direta, simples, decente, baseada em fato inconteste.

A moça recebeu os cheques. Por quê? Qual a ligação entre os dois, do ponto de vista financeiro, que exigisse esses depósitos? De onde veio o dinheiro que Queiroz depositou – em cheque – na conta da criatura? Por que exatamente na conta dela? E não na conta do próprio Bolsonaro, que tinha relações de todos os modelos – digo, amizade e trabalho – com o Queiroz?

Lisura, correção, honestidade, sinceridade pregaram em Bolsonaro, enquanto personagem político, como chiclete em cabelo. (Para quem acredita nele, óbvio!). Então, por que em nome dessas qualidades tão raras, Bolsonaro não diz o que aconteceu exatamente?

Por que tirou o tema da live, homem, se essa foi a grande pergunta da semana?

Como o presidente precisa ler com urgência Saramago, Proust, Clarice, Machado, Dostoievsky para ter lições inesquecíveis de sinais de pontuação!

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