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Lufada democrática faz de Bolsonaro um perdedor
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Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha

Lufada democrática faz de Bolsonaro um perdedor

Tipo Opinião

Se as eleições municipais sinalizam o humor do eleitorado para 2022, não se pode dizer que o bordão da extrema direita – Deus, Pátria e Família – deu as cartas após dois anos da vitória de Jair Bolsonaro à presidência, eleito em 2018 como uma espécie de tsunami política que parecia sufocar qualquer discurso progressista.

Da mesma forma, não se pode dizer que os partidos de esquerda tenham se empenhado em concentrar forças, abrindo mão de candidaturas solitárias, em vez de ampliar o leque de chapas coligadas que defendessem uma agenda comum.

Os casos de São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Fortaleza são apenas alguns bons exemplos que mostram a perda de foco numa agenda compartilhada da esquerda.

De qualquer forma, é possível dizer às 22 horas desde domingo, mesmo com os problemas técnicos que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) enfrentou neste dia de votação, e que atrasou o processo de apuração dos votos, que Bolsonaro foi o grande perdedor deste primeiro turno.

No maior colégio eleitoral do Brasil, São Paulo, o candidato do presidente, Celso Russomano (Republicanos) estava em quarto lugar enquanto eu escrevia este artigo. A capital paulista viu também a consolidação da forte liderança de Guilherme Boulos (Psol) que vai ao segundo turno com o Bruno Covas (PSDB).

No Rio de Janeiro, o atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), também apoiado pelo presidente Bolsonaro, enfrentará o segundo turno, mas até o momento há uma diferença de quase 20 pontos percentuais em relação ao primeiro colocado, Eduardo Paes.

Em Fortaleza, a pesquisa O POVO/Datafolha apontou no último sábado uma tendência de maior adesão à candidatura de José Sarto Nogueira (PDT) que aparecia à frente pela primeira vez nas pesquisas de intenção de votos, embora tecnicamente empatado com o capitão Wagner (Pros), apoiado pelo presidente Bolsonoro e que liderava as pesquisas.

A apuração, até o momento, confirma a tendência observada no último levantamento realizado pelo O POVO/Datafolha. José Sarto aparece em primeiro lugar na apuração dos votos que o levará à nova disputa do segundo turno com o Capitão Wagner, que sai enfraquecido desta primeira etapa de votação.

Afinal, Wagner tinha ao seu lado o presidente da República. Nesta última semana, também não surtiu efeito ressuscitar uma denúncia de corrupção de 1997, envolvendo José Sarto Nogueira, então presidente da Câmara dos Vereadores. Se esta era a carta na manga do Capitão, não surtiu efeito.

O segundo turno que começa nesta segunda-feira traz consigo um cenário democraticamente mais arejado. Nada com o exercício livre do voto para mostrar que ninguém, absolutamente ninguém, numa Democracia, tem a última palavra. Pronto.

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