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Papai Noel num país doente e armado
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Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha

Papai Noel num país doente e armado

O ano de 2020 termina com graves problemas na área da saúde que reverbera em todos os demais segmentos.

Enquanto escrevo este artigo, faltam 20 dias para 2020 chegar ao fim. Lembro-me de, em 2018, ouvir que aquele seria um ano que não chegava ao fim e que havíamos sido postos à prova. Embora 2018 tenha sido um ano difícil, 2020 ganha com mérito de realmente ter nos empurrado para situações inéditas.

A pandemia de Covid-19 testou nossa paciência, resiliência, prudência, esperança, mas foi o ano em que a saúde mental esteve por um fio, um ano de estatísticas medonhas de mortos pela doença que assola o mundo. E, o mais grave: o presidente Jair Bolsonaro se comportou como sempre, indiferente à vida.

O ano de 2020 está acabando, mas os males que nos assolam parecem estar recrudescendo em dezembro. Os índices de crescimento de novos infectados por Covid no Brasil estão em alta de 35,49% na última semana, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde divulgados no último dia 9. A notícia não é boa.
Embora, desde o feriadão de 7 de setembro o País tenha decretado o fim da pandemia e se abarrotado nas praias, restaurantes e bares, o fato é que o vírus continua causando vítimas. Isso quer dizer que o País continua vulnerável e doente.

Esta semana, uma outra notícia causa preocupação. O presidente Jair Bolsonaro decretou o fim da cobrança de impostos para importação de armas de fogo. Não bastasse já o crescimento nas vendas de armas de fogo desde janeiro de 2019.

No ano passado, foram adquiridas 49.322 armas de fogo, uma alta considerável se levarmos em conta o aumento médio de 1.200 armas a mais por ano no País, de acordo com a Polícia Federal. Em 2020, de janeiro a julho, 73.985 armas foram adquiridas no País, sendo que 62% desse total alarmante, estão nas mãos de cidadãos comuns.

Ontem, a cientista social e especialista em armamento no Brasil, Illona Szabó, em artigo publicado no jornal O Globo, defende que a medida do governo Bolsonaro pode ter como consequência direta a enxurrada de armas nas mãos de grupos criminosos.

É muito estranho um governo que diante de uma pandemia dificulta ao máximo a vacinação e ainda faz campanha contra. Mais estranho ainda é que um País que está longe de ser um exemplo de pacifismo interno, o governo estimula a compra de armas e ainda abre as portas para a venda de armas de outros países. Nesse mesmo País, os livros poderão ter taxados em até 12%.
Este ano, Papai Noel visitará um Brasil doente e armado.

 

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