Neste ano diferente, a Flip aconteceu de forma virtual no início de dezembro. A terceira mesa da festa literária recebeu o norte-americano Jonathan Safran Foer, romancista, e a ativista indígena amazonense Márcia Kambeba, autora de Saberes da floresta.

Já não me recordo o nome da mesa, mas vou lembrar para sempre do conteúdo dela porque em vez de falar de literatura, eles falaram de coisas que passam pelos livros, mas que só fazem sentido na vida.
De Márcia Kambeba ouvi como a natureza é fértil em ensinar as pessoas, mas é tudo de uma simplicidade tão grande que demora a ser percebido. De Safran Foer, ouvi a palavra “contentamento”. De forma cristalina ele afirmou que o modelo viver para comprar e amealhar bens vai destruir o planeta.

Foi a partir dessas falas que reuni minha lista para 2021.

1. Desenvolver minha habilidade em cultivar as plantas. Estou bem no início. Mas o suficiente para exercitar o aprendizado que Kambeba retira das árvores, pássaros e outros bichos. Sol, luz, água, ar puro são suficientes fazer a beleza alcançar sua plenitude.

2. Eliminar a lista (quase) eterna de compras. O que mais posso eu querer, que não seja um livro ou outro e viajar assim que a vacina permita? Nessa quarentena, descobri objetos embalados intactos. Roupa que sequer havia usado. Outras que havia vestido uma única vez e que foi parar numa caixa para serem doadas. Tanta coisa bonitinha sem nenhuma serventia, mas que envolve plástico, papel, tinta.

3. Economizar. Não para juntar de forma usurária. Mas para gastar em necessidades legítimas, que incluem mais momentos festivos ao lado das pessoas que eu amo e com quem compartilho a vida.

4. Ler mais literatura e compartilhar. Embora a literatura há tempos venha sendo um sólido recurso contra a insanidade que é viver no Brasil, quero ler mais em 2021 e emprestar ou doar mais livros. Ler é sinônimo de voar.

5. Compreender de uma vez por todas que meus filhos são livres para tomar suas próprias decisões.
6. Escolher alimentos e demais produtos que prejudiquem menos o ambiente. Isso tem se tornado uma preocupação constante na minha vida de agora.

7. Ter mais paciência para saber que o contentamento de que fala Safran Foer e a simplicidade que ensina a natureza exigem uma mudança grande. E que é possível querer desanimar, às vezes. Por isso, a paciência.

Até 2021. Um abraço.