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Por que sou contra o impeachment do Bolsonaro
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Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha

Por que sou contra o impeachment do Bolsonaro

Tipo Opinião

Faço parte do grupo de pessoas que nunca acreditaram em Jair Bolsonaro. Sempre considerei que este homem nãotinha a menor condição de ser presidente do Brasil por tudo o que ele já havia demonstrado em quase 30 anos como deputado federal pelo Rio de Janeiro. Quem defende a tortura nunca teria qualquer apreço pela vida. Um desbocado deselegante, sem postura pública não mudaria só por causa de uma faixa e meia dúzia de salamaleques do poder. Ao contrário, ele usaria justo o poder paraexplorar ainda mais sua autêntica marca de imbecil e incivilizado. Nunca dei crédito a este homem com quem jamais me acostumaria.

No entanto, não vejo com bons olhos seu impeachment. Alguém em santa boa consciência pode mesmo crer que o general Mourão é muito diferente do Bolsonaro só porque fala inglês e francês e parece mais lustrado? O problema é que Bolsonaro ultrapassa tanto os limites do bom senso, da mínima capacidade de empatia, se afasta tanto do que dele se espera enquanto presidente que é comum ouvir que qualquer um é melhor do queele. Para mim, não. Mourão é tão autoritário quanto o tolo que ocupa a presidência neste país. Semana passada, Mourão pediu que“deixassem o presidente trabalhar”. Só um igual poderia fazer tal pedido a este governo.

Meu desejo é que Jair Bolsonaro –junto com toda sua trupe – desça a rampa do Planalto destituído da presidência pelo voto popular eletrônico. Tudo feito de acordo com o ritual da democracia,regime que ele simplesmente detesta e que se fosse possível, já teriacessado todas as instituições que a representam. Talvez já tivesse implantado por aqui umregime nos moldes da da Arábia Saudita.

Mais dois anos de Jair Bolsonaro serão longos. A cada momento, ele avança um pouco mais os limites da decência. Dois anos com Jair Bolsonaro serão mais 24 meses sem políticas de saúde decentes, 24 janeiros com uma Educação cambaleante, 24 luas cheias com a Cultura no fundo do poço, 2 natais com a economia empurrada aos trancos e barrancos pelos interesses da classe empresarial que o apoia quase em massa, 2 verões e invernos convivendo com o descaso ao ambiente, 2 aniversários – se estiver viva até lá – de uma política externa vexatória.

Dois anos mais com Bolsonaro não serão fáceis. Mas o melhor dos mundos será livrar-se dele por inteiro.

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