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Quando a Justiça pode ser injusta
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Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha

Quando a Justiça pode ser injusta

Tipo Opinião

Foi necessário que uma profissional sensível, no caso a promotora Celeste Leite dos Santos, se debruçasse sobre o episódio mulher de 41 anos mantida presa desde o dia 29 de setembro por furtar miojo, Coca-Cola e suco em pó em um supermercado na Vila Mariana, em SP. Além da liberdade, Celeste também pediu que ela seja inscrita em programas sociais e receba atendimento psicológico.

Dias antes a Defensoria Pública de São Paulo havia solicitado, via habeas corpus, o relaxamento da prisão, mas a juíza Luciana Menezes Scorza negou. O Tribunal de Justiça também negou o habeas corpus, alegando "a culpabilidade e a periculosidade da mulher", que foi julgada como uma ameaça à tranquilidade social "em razão do justificado e real receio de tornar a delinquir".

Celeste Leite pôs uma lupa na delinquência da ré, seus crimes e sua condição social. Descobriu que a mulher sofre de depressão desde os 12 anos, é dependente química, não tem a guarda dos filhos e já havia cumprido pena duas vezes por furto (2015 e em 2018). A soma dos furtos chega a aproximadamente R$ 921, sendo que em um deles, os bens foram devolvidos.

De uma pessoa culpada, perigosa, delinquente confessa e reincidente em crimes, surge alguém à beira de qualquer assistência desde a infância, numa miséria completa, sem expectativa nenhuma que não seja um julgamento cru, com base na literalidade fria da lei e a prisão. Bom que pessoas como a promotora Celeste Leite dos Santos trazem à luz seres humanos antes de aplicar a Justiça. A Justiça também pode ser injusta.

 

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